“Segunda Pele Futebol Clube”, primeiro documentário do LEME, é lançado na UERJ

O Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte (LEME) lançou, no dia 11 de maio, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a sua maior produção audiovisual em três anos de existência como extensão do Grupo de Pesquisa “Comunicação e Esporte”, coordenado pelo Professor e Doutor Ronaldo Helal.  O documentário “Segunda Pele Futebol Clube” foi inspirado em uma exposição de colecionadores de camisas de futebol ocorrida às vésperas da Copa do Mundo de 2014, no Maracanã. Desde então, o LEME quis saber um pouco mais sobre estes personagens e descobriu que não somente os colecionadores são torcedores apaixonados por seus times do coração, mas verdadeiros guardiões de um patrimônio cujo valor histórico é incalculável.

Em 55 minutos de boas e engraçadas histórias contadas, Andre Larangeira (colecionador de camisas do Botafogo), André Moura (camisas retrô), Arthur Guilherme (Seleção brasileira), Claúdio Burguer (Times “pequenos” do Rio), Márcio Adler (Fluminense e times estrangeiros), Vítor Eidelman (Flamengo) e Paulo Pires (Vasco) contam por que começaram a colecionar, as loucuras feitas e como conseguem peças raras para o acervo.

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Colecionadores responderam às perguntas da plateia que acompanhou o lançamento do documentário “Segunda Pele Futebol Clube” (Foto: Débora Gauziski)

Paulo Pires, que também é o presidente da Associação de Colecionadores de Camisas de Futebol do Rio de Janeiro (ACCFRJ), ressalta a importância de eventos como o lançamento do documentário “Segunda Pele Futebol Clube” para o colecionismo:

“Não me interessa ter uma coleção que valha centenas de milhares de reais, mas ninguém estar vendo. Isso aqui (o documentário) é muito prazeroso, ver as pessoas escutarem as nossas histórias de colecionador. Me sinto empolgado com essa interação e troca de experiências entre quem ama o futebol!”

Para Filipe Mostaro, diretor do documentário, o mais difícil foi selecionar as loucuras feitas pelos torcedores, já que todas representam a emoção, essência do futebol:

“São histórias fantásticas, desde a primeira camisa que o colecionador teve, com 5 meses de idade, e chora ao mostrá-la, até a camisa de um último título e que foi dada por um jogador. Essa paixão, esse contato próximo com o futebol e o zelo ao cuidar dessa história são o que o esporte mais popular da Terra tem de melhor e que não deve acabar jamais”

Convidada pelo LEME para expor como o colecionismo está relacionado com identidades culturais e consumo, a antropóloga Shirley Alves, do Laboratório de Etnografia Metropolitana da UFRJ, destaca que adquirir uma camisa rara envolve muito mais do que o ato de comprá-la:

“O consumo não é algo que se pega, que se toca. Faz parte de um processo que começa no campo das ideias. No caso das camisas, não se resume ao mero ato de comprar, mas em relação a todo o planejamento financeiro e de logística, muitas vezes sacrificante, que está envolvido na aquisição de um bem. Isso acontece porque, para os colecionadores, as camisas estão ligadas ao “sagrado”. Então, há toda essa racionalização.”

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Shirley Alves acrescentou ao debate sobre colecionismo as questões de identidade cultural e consumo da sociedade contemporânea (Foto: Débora Gauziski )

Não pôde ir ao lançamento do documentário “Segunda Pele Futebol Clube”? Confira um pouco do que rolou no evento:

O total de material gravado para o documentário “Segunda Pele Futebol Clube” ultrapassa 6 horas. Apesar de o filme ter 55 minutos, vamos divulgar, na íntegra, todas as entrevistas com os 7 colecionadores participantes, que tornaram essa produção possível. São tantas histórias que todas merecem ser registradas. Já estão disponíveis as entrevistas completas de Arthur Guilherme e Cláudio Burger. Aproveite e se inscreva no nosso canal do LEME no Youtube para ficar sempre atualizado sobre nossas produções.

Além de destacar o colecionismo e o amor ao futebol, este documentário cumpre uma função que vai além das quatro linhas. Em meio à crise financeira da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e ao descaso das autoridades públicas em preservar e valorizar um dos maiores centros de estudos públicos do país, o LEME enfatiza seu compromisso em, apesar das dificuldades da UERJ, produzir conteúdo acadêmico, divulgá-lo para o grande público e, assim, estimular debates e contribuir para a formação de uma esfera pública crítica.

 

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