A influência do regionalismo e do Modernismo literário na crônica esportiva, segundo Bernardo Buarque de Hollanda.

Bernardo Buarque de Hollanda, cientista social e professor da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, estudou em seu mestrado as relações entre a literatura e o futebol. José Lins do Rêgo, como Bernardo destaca, foi um dos principais nomes que fomentaram a crônica esportiva nos jornais brasileiros, um trabalho pouco conhecido ainda, dada a influência do escritor paraibano na literatura regionalista.

O Modernismo e as correntes de vanguarda futuristas e regionalistas se desenvolveram em um período histórico próximo ao do futebol no Brasil, mais precisamente no final do século XIX e no início do seculo XX. Esse movimento literário teve como sua marca a ruptura linguística e estética com os padrões literários consagrados, até então, por instituições como a Academia Brasileira de Letras.

Essa confluência entre o desenvolvimento do futebol e do Modernismo no Brasil contribuiu para potencializar a crônica esportiva nos jornais brasileiros. A partir de então, os textos de cronistas esportivos adquirem traços de subjetividade na tarefa de descrever o que aconteceu dentro das quatro linhas para os leitores, e iam além. Como Bernardo Buarque de Hollanda afirma, José Lins do Rêgo não apenas descrevia os fatos do jogo, também os ficcionalizava.

Até hoje no jornalismo esportivo brasileiro vemos a presença desses traços de subjetividade, como o uso de adjetivos, em oposição aos padrões rígidos da objetividade jornalística consagrada a partir da segunda metade do século XX no país. Herança de José Lins do Rêgo e de seus contemporâneos regionalista e modernistas? Ou se trata de um reflexo do esporte, que transmite uma carga emocional intensa?

Clique para ver a terceira parte da entrevista de Bernardo Buarque de Hollanda para o Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte sobre as relações entre futebol e literatura:

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