O Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte (LEME) lançou nesta quinta-feira o livro “Copa do Mundo 2014: Futebol, Mídia e Identidades Nacionais”. A Livraria da Travessa em Ipanema recebeu, na noite de ontem, entusiastas das pesquisas acadêmicas em comunicação e esporte, pesquisadores, além de figuras ilustres, como o ex-goleiro Cantareli, campeão mundial pelo Flamengo em 1981, para a sessão de autógrafos com os organizadores da publicação, Ronaldo Helal e Édison Gastaldo.
No livro, diversas temáticas que envolvem um megaevento esportivo são abordadas, como cidades e culturas urbanas, identidades nacionais, idolatria pela seleção brasileira e cobertura da mídia. A coletânea de textos é um desdobramento dos debates promovidos no seminário internacional “Copa do Mundo, Mídia e Identidades Nacionais”, realizado pelo LEME em 2014, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
O antropólogo Édison Gastaldo acredita que a Copa do Mundo interfere em vários aspectos do imaginário do brasileiro e, por isso, constitui um tema que precisa ser debatido continuamente:
“Em jogo do Brasil na Copa do Mundo, fecham-se os bancos, as escolas; muda-se o trânsito, altera-se a rotina. Isso não é um fato corriqueiro, acontece só a cada 4 anos. Isso impacta na economia, na mídia e na moral. Por isso, a Copa é um campo fértil de fenômenos para análises e interpretações, e foi isso que tentamos fazer no livro.”
Para o sociólogo e coordenador do LEME, Ronaldo Helal, a coletânea de artigos aprofundará o debate sobre o que é torcer pela seleção brasileira depois de uma Copa que transformou as representações existentes até então sobre o time pentacampeão do mundo:
“Eu costumo dizer que a Copa de 2014 não foi uma tragédia, como foi a de 1950, mas um vexame. O livro, porém, não é uma tentativa de explicar o “7 A 1″. O que queremos é apresentar significados dessa derrota em comparação com outras derrotas e vitórias da seleção no passado, em uma época de forte consolidação dos Estados-nações, e hoje vivemos um momento diferente, com a globalização e fragmentação de identidades”.
Após a Copa do Mundo de 2014, muitas crenças difundidas na opinião pública sobre nosso futebol deixaram de fazer sentido, segundo Helal e Gastaldo. A “mística da camisa amarela” e “com o brasileiro não há quem possa nos gramados” seriam algumas delas. Independentemente da evolução técnica e tática da seleção brasileira sob o comando de Tite, analisar o que ocorreu naquele 8 de julho de 2014 sob os mais variados prismas, é fundamental não somente para evitar novos fracassos e frustrações no ano que vem, em 2022 e assim por diante. Mas também para nos entendermos melhor como sociedade, dado o vínculo historicamente estabelecido entre futebol e o povo brasileiro.
“Copa do Mundo 2014: Futebol, Mídia e Identidades Nacionais” já está à venda em sites e livrarias.