Uma geração fã de política e esporte

O futebol teceu, ao longo do século XX, relações intrínsecas com a política. No Brasil, a ditadura civil-militar foi o episódio político em que o futebol foi instrumentalizado de maneira mais evidente, tanto para o autoritarismo quanto para a democracia. A vitória da Seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970, no México, serviu de meio para os generais impulsionarem de vez, na opinião pública, a visão de um “Brasil grande e imparável”, marcado, à época, pelo milagre econômico, mas também pela desigualdade social e pela tortura. Por outro lado, episódios como a Democracia Corinthiana e a formação de torcidas organizadas foram reações populares contra um Estado totalitário via paixão nacional.

Diante deste cenário, uma geração de pesquisadores amantes de política e futebol surgiu anos depois, já na redemocratização do país. Bernardo Buarque de Hollanda, formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), compôs esse grupo, que fazia questão de ir para a sala de aula vestindo com camisas de times, algo visto como inusitado nos anos 1990, quando o esporte ainda não tinha uma grande penetração na Academia, sobretudo nos campos da sociologia e antropologia.

O trabalho pioneiro de Acadêmicos cuja pesquisa destacavam a sociologia do esporte, como Maurício Murad, seguiu influenciando a trajetória de Bernardo Buarque de Hollanda no mestrado e doutorado. É o que ele conta na primeira parte da entrevista concedida ao Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte.

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