Em meu último post, havia prometido discorrer sobre atletas renomados do mundo do esporte e que, por coincidência, vem a ser meu homônimos (Fausto). A falta de tempo me demoveu dessa ideia. Estive assoberbado com a finalização da dissertação e o início das aulas do doutorado. Quando fui informado na quinta-feira (03/04) gentilmente pela Mariana (atual co-editora do blog) que meu texto deveria entrar na semana seguinte, fui abatido pela síndrome da falta de assunto. Sobre o que escreveria nesse curto tempo? Procurei então algo da dissertação que poderia reproduzir aqui no blog. As linhas seguintes correspondem a minha pouco ortodoxa “dedicatória” (muito mais um devaneio fruto de uma madrugada insone de tanto escrever minha dissertação). Espero que gostem.
A saga do herói não é tão distante assim da vida de um pesquisador. Começamos atendendo a um chamado interior que nos impele a escolher a carreira menos provável e de ganhos materiais incertos e quase sempre insuficientes, mas que nos premia com realização pessoal e felicidade incomensurável. Após atendermos esse chamado e iniciarmos nossa aventura em uma pesquisa de cujos resultados muito esperamos, mas pouco sabemos de fato, enveredamos por dificuldades, descaminhos e desafios que nos fazem questionar até nossa própria escolha. Os obstáculos funcionam, contudo, como trampolins para nós, pesquisadores. Quando achamos que não conseguiremos cumprir um prazo apertado ou chegar a um resultado satisfatório em nossas pesquisas, percebemos que nada está perdido e tudo depende de mais uma boa dose de esforço e dedicação; nesse momento, entra a metáfora do trampolim, que agindo contra a gravidade nos impulsiona a saltos mais altos. De altos e baixos, é feito esse caminho que escolhemos seguir, mas, quanto mais certos estamos de nossa escolha, mais tempo permanecemos no alto e, cada vez menos, precisamos do trampolim (pais, namorada, professores, amigos) para nos catapultar aos céus. O triunfo do pesquisador-herói conjuga satisfação pessoal e a certeza que os meses ou anos gastos não foram em vão.
Ao retornarmos a realidade, depois de tempos reclusos em nossos quartos e escritórios com o objetivo único de completarmos nosso ciclo heroico, estamos prontos a devolver à sociedade o investimento que nos é concedido em forma de dádiva (bolsas de pesquisa e afins). Minha maior recompensa, como pesquisador, é poder ser lido e saber que pude dar minha pequena contribuição para o grande edifício de infinitos andares que é o conhecimento humano.
Assim como o herói clássico, não buscamos apenas o retorno pessoal com nossas pesquisas; os louros são colhidos, é verdade, porém o objetivo último é reparti-lo com conhecidos e desconhecidos que de nosso trabalho tomar contato.”
Por último, pontuei o que, de fato, tornava a dedicatória uma dedicatória: “Feita essa alegoria, deixo minhas palavras finais: dedico essa dissertação a todos aqueles que me ajudaram e espero ter coroado com êxito esses dois anos de muito trabalho!”. Àqueles que se interessaram por saber mais sobre esse meu trabalho (que fala de heróis, Jogos Olímpicos e jornalismo esportivo), podem entrar em contato comigo ou consultar a Biblioteca de Teses e Dissertações da Uerj, onde acredito, em breve, meu texto de Mestrado estará disponível.
ps.: Não relacionado ao meu post, mas, por ser um tema de interesse dos apaixonados pelo esporte, compartilho o link de um documentário produzido no final da década de 1990 sobre as torcidas organizadas do Nápoles (Itália) e do F.C. Sion (Suíça). A produção do Passion Foot contou com a “consultoria” do antropólogo Christian Bromberger.