Doping no esporte ou morte nos negócios, qual a tragédia?

O MMA (Mixed Martial Art ou Artes Marciais Mistas) seria esporte, barbárie, circo, simplesmente um espetáculo oportuno que atende os anseios de uma sociedade violenta, que retroalimenta a fome capitalista, ou a comunhão destes fatores?  O sucesso incontestável desta modalidade na  TV aberta ou a cabo, na internet  ou na imprensa em geral confirma o anseio desta sociedade.

Não há novidade sobre o gosto pela violência, no histórico do comportamento humano – temos várias referências que atestam ser a espécie humana a mais violenta que existe, apesar de racional. Pensemos na época dos gladiadores romanos, para fazer uma analogia. Em 766 anos a.C. os gregos procuravam através dos Jogos Olímpicos (que incluíam a luta) a paz e harmonia entres as cidades que compunham a civilização grega, dando vital importância à manutenção de um corpo saudável.

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Não consigo identificar nenhuma dessas características no MMA, lembremos da pancadaria promovida no Maracanãzinho entre seguidores do jiu-jitsu e da capoeira quando o Mestre Hulk,  representante desta categoria, aplicou contundente derrota em Amaury Bitetti, pupilo dos Gracie, no desafio de Vale Tudo em 28 de agosto de 1995.

Também não enxergo  preocupação com um corpo saudável e sim com um corpo esteticamente impressionante, vide a proliferação de casos de doping e a sua continuidade apesar das “punições”. Basta comparar as reincidências de doping do MMA com outros esportes, como a natação, que tem um universo de praticantes infinitamente superior. Se fosse um negócio estritamente esportivo, para um público que se importassem realmente com esporte no sentido estrito da palavra, os dirigentes do MMA teriam maior zelo com o espirito esportivo e maior transparência nas decisões, banindo sim do esporte, aqueles que desabonem o mesmo, em qualquer âmbito, seja por doping ou por comportamento inadequado fora do octógono.

No caso de Anderson Silva, o exame realizado em 9 de janeiro de 2015, ou seja 3 semanas antes da luta com Nick Diaz, que revelou dois tipos de esteroides anabolizantes no organismo do lutador, somente teve seu resultado divulgado alguns dias após a luta.

[1] “Quando pessoas testam positivo, não deviam mais lutar” – este  foi o parecer de Anderson Silva em entrevista ao site americano MMA Junkie, em 15 de outubro de 2014.

O Spider, como é conhecido o lutador, é o maior garoto propaganda da modalidade, atrai as maiores audiências, patrocinadores gigantes, além de ser o único da categoria a ser patrocinado pela Nike. Seria uma “finalização” (para usar um termo congênere) para o MMA a confirmação  do resultado na contraprova solicitada pelos administradores da carreira do atleta. Vários patrocinadores abandonariam os investimentos e muitos “aficionados” perderiam interesse, a exemplo do que aconteceu com o boxe no episódio da mordida de Mike Tyson em Evander Holyfield,

O histórico de atletas flagrados no mundo do UFC é antigo, remonta ao inicio das atividades da modalidade e muitos brasileiros já foram penalizados pela prática, neste artigo me limitarei aos atletas do Brasil. Victor Belfort foi flagrado a primeira vez em 2006, após derrota para Dan Anderson, o exame constatou Hidroxitestosterona presente. A segunda vez, em um exame surpresa, realizado pela Comissão Atlética de Nevada (a mesma que flagrou agora o Spider), em 2014, foi constatado o uso de TRT ( Terapia de Reposição de Testosterona). À raiz desse acontecimento ele foi obrigado a concordar em ser testado sem prévio aviso até o final de sua carreira, além do período de suspensão imposto.

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O primeiro campeão do UFC, Royce Gracie teve a substancia “nandralona” apontanda no exame antidoping, indicando níveis de testosterona 8 vezes maiores que o permitido. Exame este realizado após a segunda luta contra Kazushi Sakuraba, no EliteXC, em 2 de julho de 2007. Sakuraba era considerado o carrasco dos Gracie, tendo derrotado Royler, Renzo, Ryan e o próprio Royce 7 anos antes.

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A lutadora Cris Cyborg, foi flagrada com a presença do esteróide “estanozolol” em 2011 após vitória sobre Hiroko Yamanaka, que lhe valeu uma suspensão de um ano e multa de U$S 2.500.

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Em exame pós-derrota para Hector Lombard, em dezembro de 2012, o peso-médio Rousimar Toquinho, foi suspenso por 9 meses por apresentar níveis de testosterona acima do normal.

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Enfim, aguardaremos a contraprova e o comportamento de dirigentes da modalidade, imprensa, patrocinadores e público em geral. Nas redes sociais, onde lutadores também trafegam, a expectativa é grande, já que a magnitude da repercussão que o lutador Anderson Silva gera poderá selar o futuro do negócio.

[1]http://mmajunkie.com/2014/10/ufcs-anderson-silva-positive-steroid-tests-should-mean-no-more-fights

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