Estádios olímpicos, livro e biblioteca do COB

Já pontuei em outros posts que meu foco de pesquisa desde o Mestrado tem sido os jogos olímpicos. Levando isso em conta, busco ter contato com o maior número de referências possíveis sobre o tema e, ao mesmo tempo, adquiro cada vez mais afeição pelos esportes olímpicos (sempre gostei de assisti-los, mas com um grau de afeto bem inferior ao futebol; isso tem mudado nos últimos quatro anos). Digo isso, para contextualizar minha visita aos estádios olímpicos de Berlim e Munique, em junho e julho desse ano. O primeiro foi sede dos Jogos de 1936, famoso pela propaganda nazista e também pela célebre atuação do velocista norte-americano Jesse Owens para estupor de Hitler. O segundo assistiu à realização das Olimpíadas de 1972, a qual ficou marcada pelo atentado terrorista à delegação israelense.

1Minha curiosidade em conhecer locais tão importantes para a história do mundo e, em especial, para a história do esporte foi saciada nos dias 29 de junho e 5 de julho. Não pretendo desenvolver um relato minucioso, como o fiz há quatro anos quando de minha visita ao Estádio da Luz, porém deixarei alguns registros. O Estádio de Berlim é de fácil acesso, caso você esteja com seu app geolocalizador no celular e já tenha minimamente se familiarizado com o extenso sistema de metrôs berlinense (S-BAHN, U-BAHN). Na saída da estação Olympia-stadion (U2), você já se depara com o seu destino.

Chegamos, eu e minha namorada, atrasados para o último horário da visita guiada ao estádio, palco recente da final das Liga dos Campeões na temporada 2014/2015. Por sorte ou boa vontade alemã, mais um horário de visitação foi aberto, contemplando todos aqueles que, como nós, haviam retardado sua chegada ao Olympiastadion. Salvo engano, a única forma de adentrar ao estádio se dá por meio dessas visitas guiadas, não sendo permitido explorar o estádio por conta própria. A visita guiada, contudo, vale muito a pena. Conhecer um espaço marcado por tantas reminiscências olímpicas é um presente para quem nutre interesse pela história e pelo esporte. Mesmo após reformado, o estádio mantém muito de sua estrutura original, inclusive as placas remetendo aos Jogos de 1936 (e que podem ser vistas por entre grades, quase no final do tour). O guia falava inglês – não existem tours em espanhol ou português.

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Ao final da visita, o tempo de espera pelo trem de regresso pareceu transcorrer lentamente após o êxtase de ter pisado em um palco tão ilustre da história olímpica e, mais ainda, ter realizado um sonho de pesquisador.

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Em Munique, não conseguimos “pegar” uma visita guiada, mas a volta solitária ao redor do anel do estádio também valeu a pena. A chegada ao estádio, assim como em Berlim, foi fácil e se deu toda por transporte público. O Estádio Olímpico de Munique é reconhecidamente um caso de sucesso no uso de instalações olímpicas após o fim das competições. Atualmente o Olympiapark é um parque público ocupado pela população. No domingo em que lá estivemos, pudemos presenciar essa forte presença popular, impulsionada por um evento de promoção do basquete.

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Essa “presença” evocada pelo estádio vazio será meu gancho para falar do segundo tópico desse post. Semana passada, Ronaldo Helal (coordenador do grupo de pesquisa que originou esse blog) e eu lançamos o livro “Esporte e Mídia: novas perspectivas. A influência da obra de Hans Ulrich Gumbrecht”. O evento no auditório do PPGCom/UERJ contou com a palestra do autor “homenageado” pelo livro. Gumbrecht pautou sua fala pelo esboço das ideias que estarão presentes em um novo livro sobre esporte, dessa vez abordando o drama nos estádios. Sepp, como gosta de ser chamado, é uma de minhas inspirações teóricas desde que tive contato com a obra “Elogio da Beleza Atlética”. No livro “Esporte e Mídia”, outros autores também tratam da importância de Gumbrecht em suas pesquisas. Obviamente que ter organizado o livro e visto seu “crescimento”, de uma ideia ao “produto” final, influencia meu julgamento sobre ele. Mesmo assim, me sinto orgulhoso de ter contado com a colaboração de pesquisadores tão ilustres (Arlei Damo, Marcio Telles, Victor Melo, Ana Acker, Anderson Santos, Débora Gauziski, Pedro Marra e Allyson Araújo) que contribuíram com seus artigos para tornar o livro possível. Se minha recomendação vale de algo, acrescentem o livro às suas listas de leitura para 2015.

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Fotos: Mauro Siqueira (EdUERJ).

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Por fim, gostaria de comentar brevemente minha visita à biblioteca do COB. Na quarta-feira, dia 26 de agosto, pude conhecer esse importante espaço para pesquisas sobre Jogos Olímpicos. A sede do COB, onde está localizada a biblioteca, fica na Barra da Tijuca, e o acesso foi relativamente fácil para mim, que moro na Freguesia. A entrada no prédio não apresentou complicações e a equipe da biblioteca é muito atenciosa. O acervo de livros, relatórios e outros documentos é bastante interessante. Para quem pesquisa ou se interessa pelo tema, vale muito a visita.  15   13  14

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