Decidi fazer esse post como o fez o João em outra oportunidade. Pequenas notas sobre diversos assuntos, já que não me ocorre nenhum tema para pautar um texto mais extenso.
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Filmes sobre esporte. Recentemente, tenho lido muito artigos que abordam a relação entre o esporte, em especial o futebol, como não poderia deixar de ser, e o cinema. As primeiras películas, tanto no Brasil quanto no exterior, traziam imagens esportivas e atualmente muitos filmes têm o esporte como tema central (constituindo, poderíamos dizer, um gênero próprio). Ao contrário do que imaginava, existe quantidade razoável de filmes “esportivos” e alguns festivais dedicados ao tema espalhados pelo mundo. Não pretendo aqui, como está claro no parágrafo introdutório, me estender sobre estes filmes. Farei apenas uma lista dos que assisti recentemente (leia-se nos últimos dois anos). Invictus; Carruagens de Fogo; Maldito Futebol Clube; Heleno; Jerry Maguire; Hooligans 1 e 2; Curvas da vida; os clássicos The Babe, Garrincha, Alegria do Povo e Garrincha, Estrela Solitária. Dá pra ver que a lista é grande e só não é maior que não inclui as películas sobre lutadores como os vários títulos da série Rocky Balboa (dos quais assisti ao mais recente), The Wrestler, Menina de Ouro. Acredito que filmes de boxe/lutas constituam um subgênero dentro dos filmes sobre esporte, por isso, não os incluí em um primeiro momento.
Da minha lista dos “ainda por ver” constam: Linha de Passe (admito, ainda não o vi); Onda Nova (sobre o qual há um excelente artigo de Leda Costa, colaboradora aqui do blog, no livro Futebol por todo Mundo); Football Factory. Aceito sugestões de outros filmes nos comentários.
Ah! E, como esse é um blog acadêmico, não posso deixar de fazer referência a produção da academia sobre o tema, com destaque para o trabalho do historiador Victor Andrade de Melo, que foi autor e/ou participou da organização dos seguintes livros: Futebol por todo Mundo; Esporte e Cinema: novos olhares; Cinema e Esporte: diálogos; O esporte vai ao cinema. Dos que conheço, tem ainda Futebol, cinema e cia: ensaios, organizado por José Carlos Marques e Sandra Regina Turtelli, contando com um capítulo (“’Se você construir ele virá’: cinema e mitologia esportiva” ) escrito por Ronaldo Helal e Alvaro do Cabo, membros aqui do blog.
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Violência no esporte. Dois fatos me chamaram atenção em relação a esse ponto, envolvendo os dois pólos do espetáculo esportivo: torcida e atleta. A primeira representada no caso da torcida corintiana, que, por meio de algum membros de sua organizada mais famosa, a Gaviões da Fiel, sintetizou o que há de pior em nossas arquibancadas. Em jogo válido pela Libertadores, contra o San Jose, em Oruro, na Bolívia, um grupo dos mencionados torcedores atirou um sinalizador contra a torcida adversária ferindo mortalmente o jovem Kevin Beltrán Espada de apenas 14 anos. O vídeo abaixo mostra o momento em que o sinalizador saí da torcida alvinegra em direção a arquibancada oposta. O interessante dessa cena é a direção em que está apontado o fogo de artifício. Ao invés de para o alto, como é comum nos estádios, ele está evidentemente “mirado” para a torcida adversária. Não há a desculpa de fatalidade, já que parece existir uma flagrante intenção de causar dano ao “oponente”. Não sou tão apocalíptico quanto Renato Maurício Prado que, em sua coluna do dia 22 de fevereiro no Globo, pregava o fim dos fogos de artificio nos estágios, uma vez que em sua opinião estes não acrescentariam muita beleza ao espetáculo. Eu acredito que acrescente, sim, algo de belo ao show das arquibancadas (peço desculpa pelo excesso de jargões futebolísticos, mas estou embebido deles ultimamente). Deve existir, por outro lado, maior fiscalização quanto ao modo como esses efeitos pirotécnicos são empregados. Soltar um fogo de artifício para o alto não afeta a integridade física de ninguém, salvo fatalidades. Agora, ao mirá-lo em direção ao outro, ele vira quase uma arma de fogo. Bom lembrar que a Conmebol, sempre omissas nesses casos, decidiu punir o clube paulista com a proibição da presença de sua torcida em estádio na competição sul-americana.
O segundo caso de violência que me chamou atenção foi o do atleta paraolímpico sul-africano Oscar Pistorius (perfil no Wikipedia), acusado de assassinar sua namorada, a modelo Reeva Steenkamp. Para os leitores com memória olímpica não tão fresca, lembro que Pistorius acumula não apenas medalhas nas modalidades paraolímpicas (ou paralímpicas, como passamos a denominar mais recentemente), mas também disputou as semifinais de atletismo nos 400 metros rasos nas Olimpíadas de 2012. Por tudo isso, ele é um verdadeiro herói na África do Sul – aquela figura que superou todas as adversidades (tanto as físicas, por motivos óbvios, quanto às emocionais daí decorrentes) e com seus próprios esforços conseguiu compartilhar os feitos de seu trabalho com seus compatriotas. O que não é comum na trajetória de nenhum herói são os atos criminosos. Esperamos isso dos vilões, às vezes de alguns anti-heróis. Daí, a perplexidades de todos diante da notícia com qual iniciei esse parágrafo. Os advogados de defesa do atleta utilizam-se do argumento de que ele a teria confundindo com um invasor. Assaltos à residência são fatos comuns no violento país africano. A acusação, no entanto, não “comprou” essa história e pretendo julgá-lo por homicídio doloso. Até onde acompanhei o caso, Pistorius tinha sido solto, mediante pagamento de uma alta quantia em fiança, por não representar nenhuma ameaça à sociedade (notícia aqui). O que esse fato nos diz nas entrelinhas? Para mim, o mais evidente foi que, por mais óbvio que seja, custamos a acreditar que nossos heróis sejam humanos e falhos. Tendemos a coloca-los em tal pedestal e a elevá-los a altura dos voos do Superman, que, quando erram, levamos um tempo para processar a notícia pelo seu caráter pitoresco, mas não incomum. Afinal, não é tão raro assim atletas-heróis serem pegos em desvios de conduta, sejam assassinatos, abuso de bebidas ou drogas, excessos sexuais, e por aí vai.
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Copa das Confederações: Eu vou! Por fim, uma boa notícia. O esquema de compra de ingressos do site da FIFA esteve bem aquém do padrão que eu esperava, mas, por sorte, consegui comprar entradas para o jogo México x Itália e para a tão esperada final. Adquiri os bilhetes naquela segunda remessa aberta ao público em geral, posterior à venda exclusiva para os clientes do cartão de crédito Visa (um dos patrocinadores master do evento). Pela demanda e por ser um sorteio, achei que não fosse conseguir adquirir duas meias para mim e para minha namorada na categoria mais barata para o último jogo da competição. Deus mostrou-se brasileiro e atendeu às minhas preces, garantindo minha visão privilegiada (ou não; afinal ainda não sei onde ficarei no estádio) no, já não mais, Maior do Mundo.