Laís: para sempre uma lenda

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Fonte: UOL

Ex-jogadora e técnica de basquete, Laís Elena Aranha da Silva, foi vítima de um câncer de mama e faleceu na terça-feira, dia 12, em Santo André, um dia após completar 76 anos de vida. É impossível não associar a história de Laís Elena com o basquete brasileiro, especialmente com a modalidade feminina.

Enquanto jogadora e como armadora, sua carreira começou no extinto ADC Pirelli, sediado em Santo André. Entre as décadas de 60 e 70, a natural de garça – interior paulista – levou o Brasil ao topo vencendo cinco vezes o Campeonato Sul-americano de basquete (1965, 1967, 1968, 1970 e 1974) e conquistando duas medalhas de ouro nos Jogos Pan-americanos (1967 e 1971). Laís participou pela seleção brasileira dos campeonatos mundiais de 1964 e de 1967. Além disso, na história dos Mundiais, ela fez parte do time que ganhou bronze (3º lugar) em 1971. Essa foi a primeira medalha conquistada pelas mulheres da seleção brasileira na história dessa competição.

Para Katia Rubio, professora da USP, jornalista, psicóloga e autora de Atletas Olímpicos Brasileiros, a morte de Laís Helena deixa um vácuo na história do basquete brasileiro. “Sempre que morre uma pessoa de uma geração que viveu o enfrentamento do início de uma campanha, como foi o caso de Laís com o basquete feminino na década de 70, é um pouco da história da modalidade que morre em função do pouco caso que os mandatários do esporte têm pela memória do esporte pelo país. Morre com a Laís uma parte fundamental da história do basquete feminino”, declarou Katia.

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Laís Elena, o grande nome do basquete de Santo André. Fonte: UOL 

Laís Elena fez história dentro das quadras jogando por 11 anos no Santo André e depois passou a treinar as equipes de base do clube em 1975. Oito anos mais tarde, chegou ao comando do time principal que venceu o Brasileiro de 1999 e a primeira edição da Liga de Basquete Feminino (LBF), em 2011. Fora das quadras, Laís estava atuando como secretária adjunta de Esporte e Prática Esportiva, desde o início da atual gestão, em janeiro de 2017. Foram 60 anos dedicados ao esporte, dentro e fora das quadras.

Adriana Santos, ex-jogadora da seleção brasileira e que participou das principais conquistas da equipe (Pan-Americano de 1991 em Cuba, o Mundial de 1994 na Austrália e as duas medalhas olímpicas em Atlanta e em Sidney), lamentou o falecimento de Laís e classificou sua ex-treinadora como um ícone.

Adriana também fez questão de relembrar como Laís era uma pessoa doce e muito companheira de suas atletas. “Tive a oportunidade de trabalhar com ela, foi minha técnica e fomos campeãs sul-americanas pelo clube. E além de excelente técnica, era uma pessoa que ajudava o próximo, era engraçada, uma pessoa que te dava prazer de estar ao lado e que sempre te colocava pra cima. Já vi ela fazer tantas coisas assim, como quando eu estava triste e ela me dizia: ‘Magrelinha, tá cansada? Vamos dar uma maneirada’. Ela era essa pessoa que te colocava pra cima, te levava pra comer uma pizza, já fui com ela jogar bingo, ela era uma mãezona”, declarou às Dibradoras.

Magic Paula, ex-jogadora da seleção e campeã mundial em 1994, também declarou numa reportagem, feita pelas dibradoras, seu carinho pela treinadora. “Jamais tive a oportunidade de ser dirigida pela Laís, mas pela declaração das jogadoras que passaram pelas mãos dela, além de técnica era mãezona e formou muita gente boa na quadra e fora dela. Se eu não me engano o time de Santo André jamais ficou de fora das competições do basquete feminino desde que Laís comandou a equipe. Os altos e baixos eram muitos. Acaba equipe, começava outra e ela sempre conseguia se manter nas competições, mas sabemos o sacrifício que era. Laís era de fala franca, não levava desaforo para casa, falava a verdade e sempre para o bem do basquete que tanto amava”, afirmou.

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Fonte: Página Oficial da Magic Paula

A partida de Laís é, sem dúvida, uma grande perda e deixa um vácuo para o esporte, em especial para o basquete. Porém, sua história, suas conquistas, seu legado, seu exemplo e seus ensinamentos são muito maiores e já estão eternizados na nossa história. Laís: para sempre uma lenda.

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