O filme A Guerra dos Sexos (2017), dirigido por Jonathan Dayton e Valerie Faris, narra uma disputa de tênis entre o ex-campeão Bobby Riggs (interpretado por Steve Carell) e a líder da classificação mundial Billie Jean King (interpretada por Emma Stone). Essa partida de tênis vira centro de um debate global sobre igualdade de gêneros. Influenciados pela atenção da mídia e com ideologias diferentes, Riggs tenta reviver as vitórias do passado, enquanto King questiona sua sexualidade e luta pelos direitos das mulheres.

Ativista da trama, a esportista em ascensão Billie Jean King debate com a associação dos tenistas quando se dá conta de que as mulheres recebem muito menos que os homens nas competições oficiais do esporte. E, para deixar em evidência sua indignação e seu argumento, ela organiza, em parceria com Gladys Heldman, editora da World Tennis Magazine, sua própria liga feminina de tênis: Women’s Tennis Association.
No dia do jogo, 30 mil pessoas pararam para assistir à partida nas arquibancadas do estádio Astrodome, em Houston. Tratava-se não apenas de uma disputa entre Billie Jean King, na época com 29 anos, e Bobby Riggs, com 55, mas sim de uma partida do “feminismo contra o machismo” nos anos 1970.
Além do confronto, as tenistas organizaram a divulgação do evento, batalhando pela publicidade e distribuindo panfletos nas ruas da cidade. Aos poucos, elas foram conseguindo patrocinadores, público e arrecadação de dinheiro.
“À medida que Billie Jean aprendia quanto os organizadores eram superprotetores com os homens e discriminatórios com as mulheres, ela percebeu que a única maneira de avançar seria criando uma estrutura separada”, afirma Emily Dane-Staples, especialista em gênero, esporte e representação na mídia. “Ao criar a própria liga, elas estabeleceram as próprias regras e ideologias. Assim, provaram que as mulheres são atléticas e podem gerar receitas e atrair multidões.”
Se esse jogo tivesse sido em 2017, não causaria surpresas nem espantos, porque a equiparação salarial entre os gêneros ainda está longe de ser uma realidade, porém trata-se de uma partida dos anos 1970. E o que está em jogo vai muito além de um troféu e do dinheiro acordado entre Riggs e Billie Jean. O empoderamento feminino, os direitos iguais entre os gêneros e o protagonismo da mulher é o que está sendo abordado no filme e, principalmente, na luta da Billie Jean. Esses temas ainda são recorrentes na atualidade e merecem a nossa atenção.
Recentemente, de acordo com o Jornal do Brasil, o sérvio Novak Djokovic questionou a equiparação entre as premiações entre homens e mulheres. Dizendo que esse se tratava de um tema “delicado”, o sérvio defendeu que os atletas devem ganhar mais do que as mulheres porque “atraem mais atenção, mais espectadores e vendem mais ingressos”. O tenista ainda disse que tem um “respeito enorme” pelas mulheres e entendem “pelo que passam com seus corpos, que são tão diferentes dos homens… vocês sabem, os hormônios e essas coisas”. “Elas ainda têm que fazer sacrifícios em certos períodos da vida, como a hora da família ou decisões que têm que fazer sobre seus corpos para conseguir jogar tênis”, acrescentou o tenista.
Os comentários de Djokovic ocorreram após o diretor-executivo do torneio de Indian Wells, Raymond Moore, afirmar que as atletas deveriam “agradecer” aos homens por ganharem tanto dinheiro no tênis. “Se eu fosse tenista, me ajoelharia toda noite e agradeceria a Deus por Roger Federer e Rafa Nadal, que carregam o peso deste esporte”, disse Moore.

A melhor tenista do mundo, Serena Williams, posicionou-se sobre o comentário do dirigente e disse que isso foi “ofensivo”. “Foi um erro e algo muito, muito incerto. Só há uma maneira de interpretar isso: ajoelhem-se, o que já é bastante ofensivo, e agradeçam a um homem. Nós não temos que nos ajoelhar para nada”, rebateu a norte-americana.
Em suma, contar a história de Billie Jean ajuda a lembrar de uma luta tão longa e exaustiva quanto uma partida de tênis que se estende por horas. “Esse não é apenas um filme de tênis. É uma história sobre a mudança social que aquele jogo significou”, afirmou Billie Jean em entrevista ao jornal New York Post. E diante do quadro, enquanto houver desigualdade salarial entre os gêneros em várias competições esportivas, a disputa entre Billie Jean e Riggs não terá acabado.
https://youtu.be/d7vqSm4yIZc