O convite para escrever em um blog (contração do termo web log) é algo inédito para este autor. Não sou leitor assíduo deste tipo de formato, principalmente por achar deveras ditatorial, discrepante do caráter liberal da Rede Mundial de Computadores (por exemplo, só alguns podem postar, a outros cabe apenas comentar as postagens alheias, se tanto).
Dessa forma, sendo ambos novos nesta área (o autor e o próprio blog), o assunto (livre), sobre o que versar, não me ficava muito claro. Recorri então ao método científico: Que assuntos estão em pauta na “grande mídia esportiva”? Uma rápida pesquisa apresentou os seguintes resultados: os 70 anos de Pelé, a convocação da seleção para um amistoso, algumas notícias sem conteúdo sobre o brasileirão, e uma discussão grotesca entre os presidentes de clubes paulistas. Diante destas opções, foi fácil escolher um assunto: Edison Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, que completou 70 anos dia 21/10/2010.
Muito cuidado ao falar de sua alteza, claro. Estou de joelhos. Nunca o vi jogar, nasci no ano em que o escrete de 70, comandado pelo rei Pelé conquistou a taça Jules Rimet e encantou o mundo. É para todos nós brasileiros uma grande honra ter um conterrâneo como este. É seguramente um dos poucos brasileiros de fama mundial. O verbete “Pelé” pode ser encontrada nas enciclopédias de todo o mundo e em quase todos os idiomas. Só pra citar um exemplo, na Wikipédia encontrei o termo em 69 idiomas, alguns que eu nem sabia que existiam. Aqui pra quem quiser conferir. Há, não sabe ler dinamarquês? Eu também não! Nem yorubá ou árabe, mas o Pelé está lá, em todos esses idiomas. Só pra se ter idéia, o Oscar Niemeyer, o outro único brasileiro notável do qual me lembro agora (vivo), aparece em 45 idiomas. Perde de goleada pro sir Edison (vai dizer que você também não sabia que ele foi agraciado pela rainha da Inglaterra?) Isso mesmo: Cavalheiro da Coroa Britânica! Ou KBE, na sigla em inglês. Recebeu a comenda em 1997. Quer saber quem mais ganhou? O Imperador D.Pedro II, em 1871. Coisa de nobre mesmo. Cada vez me dá mais orgulho: Vou poder falar pras gerações futuras: Eu sou conterrâneo e contemporâneo do rei Pelé!
Alguns não guardam boas recordações do eterno camisa 10. Os corintianos, por exemplo, que ficaram 23 anos sem ganhar um título, na época de Pelé, e sofreram muito com suas jogadas e gols. Falando em desgosto, como todo nobre, o rei Pelé conquistou algumas desventuras e desafetos ao longo da vida. Famoso por suas frases, não poupou nem o baixinho Romário, de quem ouviu uma resposta desaforada. Os tricolores gaúchos também adoraram quando o atleta do século disse que “o Grêmio é mais conhecido” que o Inter. Não vai ser bem vindo em terras coloradas tão cedo… Mas e daí? Rei não tem que agradar ninguém!
Uma falta que a imprensa sempre comete é de tentar “garimpar” um “novo Pelé”. Toda vez que surge um jogador com mais habilidade começam as heréticas comparações. Assim foi com Ronaldo, Ronaldinho gaúcho, Robinho e mais recentemente o Neymar. Todas as previsões se mostraram redondamente erradas. O baixinho, de quem sou fã, que me desculpe, mas tenho que reproduzir as palavras (decreto?) do rei: “Igual a Pelé não tem nem vai ter. Minha mãe me fez e fechou a fábrica” ( 2005).
Homenageado em vários gramados brasileiros, sua alteza real só não precisava receber um presente de grego de seu clube do coração, o Santos, que cometeu a gafe de perder em casa para o lanterna do brasileirão.
Vida longa ao Rei! Pra quem não viu, o gol 1284, é de emocionar:
Clique aqui e confira o artigo produzido pelos professores Ronaldo Helal e Hugo Lovisolo sobre Pelé e Maradona.