Desde que Tifanny se tornou a primeira mulher trans a competir na Superliga de vôlei, médicos, atletas, técnicos e jornalistas vêm questionando se é justo que ela dispute partidas na modalidade feminina. Mas essa não é a primeira vez que a inclusão do “diferente” gera polêmica no esporte.

Oscar Pistorius, sul-africano e biamputado, ouro nos 200m dos Jogos Paralímpicos de Atenas/2004, decidiu em 2007 participar de eventos esportivos para pessoas sem deficiência, e já dava mostras de que desejava tentar uma vaga para as Olimpíadas de Pequim/2008. Não tardou para que surgisse a hipótese de que suas próteses dariam a Pistorius vantagens competitivas, e a Federação Internacional de Atletismo proibiu sua participação em eventos “convencionais”.
Suas próteses foram medidas e testadas, para alguns as próteses lhe dão uma vantagem na competição, uma vez que Pistorius gastaria menos energia do que outros atletas para completar a prova. Outros acreditam que a noção de que um amputado teria uma vantagem sobre os corredores que competem com as pernas naturais é um absurdo. Entre os fatores citados pelos defensores, está a maneira como Pistorius começa a corrida. Após uma série de polêmicas e batalhas judiciais o paratleta foi autorizado a competir nos Jogos Olímpicos, o que acabou acontecendo em Londres/2012.

O que quero levantar aqui é a noção de justiça no esporte. É justo um atleta com inúmeros apoios e patrocínios e que, por isso, tem condições de treinamento, recuperação, suplementação, e utilização de repositores e inibidores hormonais, proibidos ou não, competir com outros que não têm? Como avaliar a vantagem genética que determinada pessoa pode ter em relação a outra para que todos estejam na mesma categoria ou competição? Nas competições paralímpicas pessoas com deficiências diferentes podem ser colocadas em condições de disputa através de uma tabela classificatória nem sempre considerada justa. Isso não gera a mesma polêmica e comoção que a inserção de pessoas com deficiência e transgênero causa.
Fica claro que não há igualdade de competitividade em nenhum esporte e em nenhum momento. Não venho aqui trazer respostas ou verdades incontestáveis, venho plantar a sementinha do debate, da divergência de opiniões.
Deveria o esporte voltar ao amadorismo? Deveríamos abolir a divisão entre homens e mulheres? Deveria o doping ser liberado? Como resolver as questões pós-modernas trazidas à baila também no espaço esportivo?
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