Há pouco mais de um mês, os Jogos Paralímpicos Rio-2016 eram encerrados no Maracanã, e ao fim do evento no Brasil vêm algumas reflexões.
A venda de ingressos começou lenta às vésperas do evento. Apenas cerca de 20% do total havia sido vendido. Foi preciso baixar preços de ingressos de forma significativa para que se aumentasse a venda, mas a campanha rendeu frutos, tornando os Jogos do Rio o segundo com maior público na história das Paralimpíadas, perdendo apenas para Londres/2012; e o Parque Olímpico teve recorde de público em um sábado Paralímpico.
Os torcedores presentes nas arenas presenciaram 72 conquistas brasileiras, e ouviram o hino nacional 14 vezes – o dobro em comparação aos Jogos Olímpicos – ou seja, puderam constatar in loco a potência esportiva paralímpica que é o país.
A questão que nasce dos Jogos no Brasil é: de que modo os atletas paralímpicos serão vistos, a partir de agora, pelo público brasileiro? E os Jogos podem mudar as atitudes no país com relação à pessoa com deficiência?

A reação negativa à campanha da revista “Vogue” que trazia os atores Paulinho Vilhena e Cléo Pires “photoshopadamente”, com os corpos amputados (Paulinho Vilhena com prótese em uma das pernas e Cléo Pires com um dos braços amputado acima do cotovelo), mostra alguma mudança de pensamento.
Os atletas esperam que os Jogos tenham sido um impulsionador de mudanças sociais reais, além de ter dado maior visibilidade para o esporte, que, apesar dos resultados positivos, ainda sofre com a falta de patrocínio de empresas que não desejam ver suas marcas associadas à deficiência.
Apesar de um evento com a grandeza dos Jogos Paralímpicos ter sua importância, acreditamos não ser suficiente para mudar um pensamento construído historicamente e arraigado cultural e socialmente. Países que anteriormente também foram sede do evento, como China e Austrália, ainda lutam para a inclusão da questão da deficiência na pauta de debates. A Rio-2016 acendeu uma chama que deve ser alimentada não só no campo do esporte, mas também na economia, na política e na Academia. As mudanças são lentas e acontecem a longo prazo, mas para tudo é preciso ter um começo.