Saudações aos amigos do Blog.
Na última semana, mais especificamente no dia 10 de janeiro, completou-se um ano da contratação de Ronaldinho Gaúcho pelo Clube de Regatas do Flamengo. Antes e depois, durante semanas não se falava em outra coisa no futebol brasileiro. Na ocasião, um artigo de Alvaro do Cabo neste mesmo endereço me chamou a atenção, e resolvi relê-lo quando vi algumas matérias( exemplos aqui e aqui) em portais e jornais falando sobre o aniversário de um ano de R10 no Flamengo. Mais do que fazer um exercício de futurologia ou “cornetar” a performance do jogador nos seus primeiro 365 dias de Flamengo, quero refletir a respeito das mudanças de expectativas da torcida e da própria pauta da mídia nesse período.
Cito um trecho em especial do artigo de Alvaro, publicado a 11 de janeiro de 2011:
O salário do novo ídolo rubro-negro é astronômico, as dúvidas sobre sua condição física e seu desejo de realmente jogar futebol são pertinentes e principalmente o respeito aos ídolos no futebol flamenguista na atual gestão tem sido pelo menos questionável. A forma que o técnico Andrade foi demitido, o episódio com o ídolo maior Zico, espécie de Zeus rubro-negro, e o atual afastamento do craque da década Petkovic, podem cair no esquecimento coletivo caso Ronaldinho Carioca arrebente e ganhe títulos pelo clube, mas, se não der certo, o coro de mercenário para o aspirante ao panteão flamenguista e de incompetente para atual presidenta certamente ecoarão nos meios de comunicação e entre os fanáticos apaixonados pelo rubro-negro.

Entre os torcedores, a expectativa era muito grande a respeito da chegada de R10. Camisas com o nome do jogador começaram a ser vendidas na véspera do acerto com o Rubro-negro carioca, e o clube se reuniu com os novos patrocinadores à época, a Olympikus, para tratar da criação de novas lojas do clube ao redor do Brasil, podendo gerar até R$ 15 milhões em receitas. No dia 12 de janeiro, apresentação do jogador, a Gávea ficou lotada, e Ronaldinho disse textualmente: ” Agora eu sou Mengão!”, no que foi enfaticamente celebrado pela torcida. Esta, por sinal, noves fora os avisos cautelosos vindos de alguns da imprensa especializada como Renato Maurício Prado, celebrava o jogador como ídolo por antecipação, e louvava a diretoria e a participação de Patrícia Amorim nas negociações pelo jogador.
É inegável que a presença de um jogador do porte de R10 também tenha mudado um pouco a relação do clube com a imprensa, e o jogador foi cobrado na medida de suas atuações: Se boas, como no primeiro semestre a partir de abril até julho, muito aplaudido pela maioria(fora algumas vozes dissonantes); se ruins, como em vários períodos espaçados durante o ano, a crítica era pesada e com reflexos na torcida, chegando à criação de Disque-Dentuço, um número específico para que o torcedor pudesse ligar e denunciar as saídas constantes do jogador na noite carioca.
Em 2012, após falar em aposentadoria no Flamengo, o quadro é bem diferente. O jogador, mesmo em forma física invejável, está sem garantias de jogar no clube na temporada, pelo imbróglio envolvendo Assis, irmão e empresário, a Traffic (que bancou a contratação de Ronaldinho) e o clube, que está tentando de todos os jeitos conseguir um jeito de pagar os R$ 3,5 milhões que deve ao jogador. E alguns torcedores, apesar de reconhecerem que a diretoria está errada em não cumprir com o combinado(referente ao acordo com a Traffic), não fazem muita questão de Ronaldinho no clube caso ele( ou melhor, seu empresário Assis) não queira esperar uma resposta do Flamengo.
Um amigo, grande rubro-negro, definiu: ” Ronaldinho, até agora, foi menos que um Sávio, com marketing de Zico e preço de Messi. Se não estiver satisfeito, que vá embora”. O problema é que, com a saída de Thiago Neves para o Fluminense, o Flamengo acaba ficando dependente demais de um jogador…..que não definiu se joga. É ou não é muita dor de cabeça?
Ronaldinho, no amistoso contra o Londrina, no intervalo do jogo, não foi perguntado uma única vez sequer pela imprensa a respeito da sua situação no clube. Disse apenas que ” Está tudo ótimo”. É, Ronaldinho. Então está. Pelo visto, ele não deve ter lido o artigo mencionado no início do texto. Enquanto isso, a tranquilidade está a léguas de distância…
Obrigado Henrique pela lembrança. Também pensei em uma nova leitura dos fatos um ano depois do primeiro post que escrevi neste blog, mas você já o fez com propriedade e a verdade é que a novela ainda não acabou. Para os rubro-negros ainda otimistas ou integrados na definição de Umberto Eco Ronaldinho pode ficar e liderar o Flamengo ao bicampeonato da Libertadores ou a mais um título nacional, no entanto para os pessimistas/apocalípticos que percebo como maioria neste momento o desfecho não será muito bom nem para o clube e muito menos para a elegante dama de tailleur preto que comanda o futebol do clube.
Abs.
Que reviravolta, não!? Antes, a certeza de um craque que seria a solução para o meio de campo do Flamengo, hoje, uma grande dúvida trazendo uma avalanche de problemas ao clube. É claro que jogadores do nível do Gaúcho trazem consigo um chamariz de mídia sensacionalista, e esta sempre exagera para ambos os lados: transforma o jogador num Deus e também numa maldição, depende do momento. Como essa história vai acabar, eu não sei, nem o próprio Gaúcho deve saber… Talvez o Assis.