Público, capital e identificação: o UFC de nossos dias

Aos que me perguntarem: sim, sou fã de Artes Marciais, embora possa não parecer, e fiz questão de pesar os prós e contras antes de fazer um post a respeito da nova menina dos olhos da Rede Globo e dos fanáticos por esporte: as Artes Marciais Mistas(MMA, em inglês), e sua principal liga, O Ultimate Fighting Championship(UFC).

Ao investir na criação de uma versão brasileira de The Ultimate Fighter(reality show que faz muito sucesso nos Estados Unidos e mostra a rotina de postulantes a um posto entre os lutadores do UFC) e dar tratamento nobre a algumas lutas em suas transmissões, a Globo mudou sua visão sobre o UFC em pouco mais de um ano. Em agosto de 2011, a emissora declarava que não queria saber de golpes de jiu-jitsu, wrestling, boxe e muay thai em sua programação. No dia 13 de outubro, a emissora cobriu com pompa e circunstância a terceira edição do UFC Rio, realizada na HSBC Arena.

A primeira transmissão de uma luta do UFC realizada em TV aberta nos últimos anos foi o chamado Combate do Século(banalizar para promover), na Rede TV.A luta  envolvia Anderson Silva, detentor do cinturão dos Pesos Médios desde 2006, e Vitor Belfort, campeão do Pride aos 19 anos e um dos pioneiros entre os campeões brasileiros no MMA. Realizada a 5 de fevereiro de 2011 e encerrada com um chute espetacular de Anderson no queixo de Belfort, a luta dividiu os fãs e chamou a atenção de muitos para um esporte que só existia nos canais pagos. A partir daí, foi vista uma excelente oportunidade de arrecadação, e a maior rede de televisão do país não poderia deixar passar a oportunidade. Mesmo com alguns vacilos em diferentes transmissões, como as lutas de Cigano contra Frank Mir ou mesmo de Anderson Silva contra Chael Sonnen.

Público
Estive na HSBC Arena no último UFC Rio, e primeiramente me chamou a atenção os preços dos serviços oferecidos dentro da arena. Cervejas a R$ 10, pipoca a R$ 6, Refrigerante a R$ 7…Mas, para quem chegou a pagar até R$ 1800, esses preços não parecem ser um problema. O UFC quer maior exposição de sua marca, mas também precisa lucrar. Não me parece que haja um esforço maior em permitir que “geraldinos” frequentem as arquibancadas da HSBC Arena ou de qualquer local nos quais haja um evento do UFC(embora haja boatos de que haverá em 2013 um evento no Nordeste). Para não dizer que não existe, foram distribuídos cerca de 1.500 ingressos gratuitos para a pesagem dos lutadores, realizada na sexta-feira dia 12. Para assistir às lutas, o “povão” terá que achar um local para assistir aos canais pagos, ou….sintonizar a Globo.

Identificação

É evidente a conexão que muitos brasileiros sentem com as histórias de vida de seus grandes ídolos. Saídos da pobreza, muitos venceram na vida através do esporte e da música, dois dos grandes canalizadores da essência brasileira. Além dos ídolos do futebol, os lutadores começam a tomar um certo espaço entre as crianças e adultos. Percebi isso claramente no UFC Day, realizado na Rocinha. As crianças do projeto Reação, capitaneado pelo ex-judoca Thiago Camilo, tiveram aulas com grandes nomes do MMA, como os brasileiros Lyoto Machida, ex-campeão dos meio-pesados, e José Aldo, campeão dos penas.

Aldo é um cidadão de Manaus que veio para o Rio de Janeiro praticamente sem nada no bolso, e encontrou no MMA uma chance de vencer na vida. É um dos maiores nomes peso-por-peso do esporte nos dias de hoje.

Rodrigo Minotauro, criador do hoje famoso Team Nogueira, nasceu em Vitória da Conquista, na Bahia, e passou um ano internado após ser atropelado por um caminhão e perder parte do fígado. Foi o primeiro campeão dos Pesos-pesados do Pride e é um dos lutadores mais queridos pelos fãs e pelos colegas de profissão. Uma das maiores legendas do esporte.

E para terminar o post, não poderia escolher outro: Anderson Silva, criado em Curitiba e que passou por diversas privações na vida(veja aqui). Apesar de um certo estrelismo da parte do lutador, é inegável que o lutador é um dos mais talentosos e vencedores do esporte brasileiro em todos os tempos.

Anderson Silva comemora com a bandeira do Brasil após a vitória sobre Stephan Bonnar no UFC 153

2 thoughts on “Público, capital e identificação: o UFC de nossos dias

  1. Gostaria que o autor esclarecesse o significado da frase “Não me parece que haja um esforço maior em permitir que “geraldinos” frequentem as arquibancadas da HSBC Arena ou de qualquer local nos quais haja um evento do UFC(embora haja boatos de que haverá em 2013 um evento no Nordeste)”. Quer dizer que nordestinos não passam de “geraldinos”? Assim, de forma generalizada? Preciso de uma explicação convincente.

  2. Por que deletaram o meu comentário quando perguntei o significado da frase do autor “Não me parece que haja um esforço maior em permitir que “geraldinos” frequentem as arquibancadas da HSBC Arena ou de qualquer local nos quais haja um evento do UFC(embora haja boatos de que haverá em 2013 um evento no Nordeste).”? Gostaria de um contato com o Dr. Hugo Lovisolo. Por favor.

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