O fato de ser pentacampeão não é credencial determinante do título que a imprensa teima em adjudicar ao Brasil “País do Futebol”.
Não conheço nenhuma ação pública para promover a prática do futebol (somente escolinhas particulares e pagas), nenhuma política de Estado que contemple os esportes em geral. Nem o amparo da Lei trabalhista é respeitado, vide as principais reclamações do grupo Bom Senso FC.
A média de público nos estádios brasileiros é incompatível com esse título.
Dos 100 times top do mundo, 24 pertencem ao Velho Continente e 77 dessa lista são europeus. Alemanha, Inglaterra e Espanha ocupam as 5 primeiras posições. Brasil só aparece a partir do 90º lugar. O Borussia Dortmund apresenta uma média de 100% de ocupação, com 80.558 espectadores por jogo; Manchester United com 75.500, o Barcelona com média de 70% de ocupação atrai cerca de 70.000 espectadores e o Bayern de Munique leva 72.000 torcedores à Allianz Arena por jogo.
No Brasil, o Corinthians, 91º na lista, tem 66% de ocupação, levando 30.000 loucos do bando por jogo, depois aparece o Santa Cruz de Pernambuco com 25.000 torcedores em média (44% da capacidade do Arruda), e o São Paulo encerra a participação de clubes brasileiros na lista, com 24.000 torcedores no Morumbi.
Não estou considerando a população destes países, Alemanha 83 milhões, Espanha 48 milhões e Inglaterra 53 milhões. Se entrar nessa seara, de relativizar o desempenho futebolístico com a população do país, o título de “país do futebol” seria menor ainda, vide o Uruguai com 2 títulos mundiais e 2 olimpíadas, somente tem 3 milhões de habitantes.
Por um outro ponto de vista, a análise do fato do Brasil ser exportador de “artistas” e não do espetáculo, merece uma séria reflexão.