Por Mattheus Reis, aluno do 2º período da graduação de Comunicação Social da UERJ.
O dia 5 de agosto de 2015 marca a reta final dos preparativos para os Jogos Olímpicos de 2016. Os olhos do mundo se voltarão novamente para a cidade do Rio de Janeiro daqui a aproximadamente um ano. Após sediar no ano passado a grande final da Copa do Mundo?em julho de?2014, o Maracanã será palco principal do?maior evento esportivo do planeta. Ciente da responsabilidade de sediar a competição pela primeira vez na América do Sul,?a cidade?está definitivamente?em obras,?que causarão?mudanças em questões como a mobilidade urbana.?Apesar disso, o planejamento e o legado são alvos de inúmeras críticas, concentradas, sobretudo,?em relação?à poluição na Baía de Guanabara e na Lagoa Rodrigo de Freitas.
Conforme era o esperado, as despoluições da?Baía e da Lagoa, prometidas quando a cidade se candidatou a sediar os jogos, dificilmente serão concluídas e se tornaram um?grande problema para o Comitê Organizador dos Jogos. Os locais onde serão disputadas as provas de iatismo e remo em 2016 somente poderão ter sua?biodiversidade recuperada após contínuos?projetos de?combate ao lançamento de esgoto e de?resíduos sólidos nas águas e mananciais da?região metropolitana; um esforço que pode levar 20 anos para ter seus primeiros resultados concretos?vistos, conforme afirmou recentemente a ministra do meio-ambiente Izabella Teixeira.

Apesar de a porcentagem de esgoto lançado in natura, ou seja sem nenhum tratamento, na Baía ter diminuído de 83% para 51% nos últimos 8 anos, segundo o governo do estado do Rio de Janeiro, inúmeros velejadores -?motivados tanto por?vantagens quanto pela saúde dos atletas -?e a Federação Internacional de Iatismo?apelaram aos comitês Olímpico?Internacional e Organizador dos Jogos pela mudança do local das competições.
Diante de tantos problemas pelos quais o Brasil?enfrenta em termos de qualidade de serviços públicos e desigualdade social, os Jogos Olímpicos no Brasil acabam sendo vistos como algo “supérfluo”. Quem nunca ouviu?verdades?do tipo “Os recursos poderiam ser destinados ao que realmente importa, como a educação e a saúde.”???É preciso destacar, no entanto, que, mesmo em tempos de ajuste fiscal?e aperto nos gastos, os cidadãos brasileiros pagam uma das maiores?quantidades de impostos do mundo. Não é preciso ser um renomado analista de finanças?públicas para perceber?a possibilidade de se?conciliar demandas diversas, seja a de um megaevento ou a de desenvolvimento social e?sustentável desde que os recursos sejam administrados de forma?planejada, correta e?honesta. Perdemos por ano?mais de?200?bilhões de reais por conta da falta de planejamento, da corrupção e do desperdício do poder público. Os Jogos Olímpicos no Rio estão orçados, a princípio, em 38 bilhões de reais, valor?custeado não só pelo poder público, mas também pela iniciativa privada. Se existe algum vilão nessa história, não são unicamente os Jogos Olímpicos.
As Olimpíadas e o esporte como um todo,?trazem em si uma mensagem de superação, sendo?um dos últimos elementos restantes de união e?confraternização entre as nações do mundo. Além disso, eventos desse porte podem ser catalisadores de transformações sociais e?urbanas. Barcelona, sede em?1992,?é um exemplo do que pode–se dizer “antes e depois dos Jogos”. Aos “trancos e barrancos”, ‘a cidade maravilhosa’ e, agora,?’olímpica’ tenta fazer o mesmo, sem sabermos, porém, se terá o mesmo?sucesso.
No âmbito esportivo, o Comitê Olímpico Brasileiro?espera colher bons resultados do pesado investimento feito a partir de 2012?com a finalidade de?melhorar o rendimento de atletas, principalmente aqueles cujas modalidades praticadas não possuem tanta tradição?no país e?notórios resultados em competições internacionais. A partir da contratação de profissionais estrangeiros, do?desenvolvimento da infraestrutura de?treinamento e de bons resultados vistos nas recentes competições internacionais, quando modalidades como a canoagem conquistaram medalhas inéditas,?o objetivo traçado?de que o Brasil figure entre?os 10 melhores países no quadro geral de medalhas pode vir a se concretizar, o que seria a?sua melhor participação na história das Olimpíadas.?Essa expectativa é, no entanto, apenas um detalhe diante da necessidade de uma?vitória ainda maior.
Os Jogos Olímpicos para o?Brasil e para o Rio de Janeiro, mais precisamente, devem ser um fator responsável por acelerar mudanças na qualidade de vida e na infraestrutura da cidade, provar a capacidade do país?em organizar grandes eventos e, acima de tudo, inserir de vez?nos debates políticos e públicos uma cultura esportiva, que zele tanto pela saúde e bem-estar da população?quanto?pela inclusão social?e formação de novos atletas. Diante das dificuldades enfrentadas por muitos jovens, eles já são campeões na vida e poderão ser, quem sabe,?vitoriosos também nos campos, nas quadras ou tatames.?Os brasileiros, mesmo que em cima da hora, como aconteceu na Copa do Mundo,?farão a sua parte e torcerão?pelos atletas do país a partir de 5 de agosto de 2016. Vamos torcer – e cobrar – ainda mais para que?a cidade do?Rio de Janeiro, infelizmente uma das mais violentas do mundo,?comece a ser, daqui a um ano, maravilhosa de fato.