As camisas criam peles. Tornar-se torcedor de futebol pressupõe uma educação sentimental: um aprendizado do sentir. E para entender isso, nada melhor do que uma topografia corporal. Porque é sobre a carne que se reivindica a invenção, o estigma vira estima. Onde a verdade se desnuda e as paixões se congelam. Nessas tramas anatômicas, a tinta brota. Tatuagens que não são ornamentos, são mensagens. Sentimentos que se anunciam na pele.
Como parte do meu trabalho de campo antropológico, tenho acompanhado hinchas do Club Atlético Belgrano, organizados em dois coletivos: Murales CAB e a barra Los Piratas Celestes De Alberdi. Estou interessado em suas experiências cotidianas em tempos de pandemia. Porque nem com a proibição de público nos estádios, o amor pelo Belgrano descansa. O foco nas tatuagens tem a ver com uma confissão feita pelo sociólogo Jock Young, que recomenda substituir “uma sociologia da correlação por uma sociologia da pele”.
Imagens: Nicolás Cabrera
Música: DjYinyer
Produção e edição: Nicolás Cabrera e DjYinyer
Agradecimentos
A meu amigo e irmão DjYinyer, pelo talento, a criatividade e as montanhas.
A Murales CAB e a Los Piratas Celestes De Alberdi, pela cotidianidade e esse amor que nos liga.
Ao Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte, pelo espaço e a resistência. Viva a educação pública do Brasil.