História mínima do futebol argentino: Montagem 2020

Nemesia Hijós[1], Nicolás Cabrera[2] e Franco Reyna[3]

Todos os recortes históricos são arbitrários. Sempre, porém, há momentos mais propícios que outros para exercer o direito à injustiça histórica. Os aniversários ou as efemérides talvez sejam as datas mais comuns para propor montagens diacrônicas e sincrônicas. Dizemos montagens porque falamos de fazer acoplamentos e desacoplamentos – entre o que está escrito e o que é visual – para propor novos ensaios do aparentemente desconexo. Passaram-se 100 anos desde a década de 20 do século XX. Uma década que, para o futebol argentino, foi determinante em sua estruturação como espetáculo massivo, popular, mercantilizado e masculino.

Nós escolhemos três eixos que não tem uma origem ou um final marcado na década de 20, nem apresentam linhas similares no país todo, mas, se tentarmos reconstruir uma “história social do futebol argentino”, sem dúvida falamos de dimensões fundamentais de uma época inevitável. Uma década em que se acelera o processo de popularização do futebol e da sua transformação em espetáculo massivo; onde as mulheres são excluídas embora elas resistam com gestos de resistência; e onde a profissionalização do futebol começa a tomar forma na mão do amadorismo “marrom”.

Na continuação, apresentamos uma “superposição interativa” (Geertz, 2006: 53) de processos que hoje trazemos como modo de ensaio, como uma primeira tentativa, a fim de caminhar para trás, mirando no futuro. Um acoplamento de textos e imagens para discutir o futebol argentino que tínhamos, para assim poder imaginar o futebol argentino que desejamos.

O processo de popularização do futebol e sua transformação em um espetáculo de massa

O futebol foi introduzido na Argentina na segunda metade do século XIX pelos agentes do capitalismo industrial e mercantil britânico. Jogado inicialmente dentro de seus clubes e escolas públicas, logo se tornou um passatempo da elite local. Desde os últimos anos do século XIX, sua prática começou a interessar aos jovens dos setores médios e populares, em sua maioria estudantes, pequenos comerciantes, profissionais e trabalhadores urbanos, os quais progressivamente começaram a formar suas próprias instituições e competições para o desenvolvimento do jogo. Desde as zonas portuárias do país, o esporte se estendeu pelo resto da Argentina seguindo majoritariamente a expansão da rede ferroviária.

Os anos vinte implicaram na consolidação do futebol como um dos principais entretenimentos da população e consolidaram as bases para sua conformação como um espetáculo de massas. Nessa época, caracterizada por uma grande bonança econômica, crescimento demográfico e expansão urbana das principais cidades do país, a população dispunha de maior tempo livre e recursos para acessar cada vez mais massivamente ao consumo de atividades de ócio – entre as quais se destacava o futebol. Nesse sentido, desde então, o número de jogadores que começaram a participar das ligas oficiais locais e os diferentes circuitos independentes do “futebol amador” aumentaram substancialmente. Para citar um exemplo, se em 1920 eram aproximadamente 6 mil jogadores inscritos nos registros da liga oficial de Buenos Aires (Associação Amadora Argentina de Futebol – AAAF), em 1930 esse número superava os 25 mil.

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Foto 1. A seleção argentina recebendo o Barcelona FC no Estádio do Sportivo Barracas em 1928. Fonte: Arquivo Geral da Nação (AGN, Argentina), Dpto. Doc. Fotográficos. Consulta_INV: 329.102. Ano 1928

Esse fenômeno foi acompanhado por uma expansão associativa dos clubes, que começaram a incorporar novas atividades esportivas, sociais e recreativas para captar sócios e sócias. Ao mesmo tempo, houve uma maior padronização, institucionalização e sistematização das estruturas e dos aparatos competitivos, o que levou a formação de novos mercados de consumo desportivo. Por exemplo, nesses anos se generalizaram os intercâmbios esportivos contra equipes e seleções do continente e da Europa. Nesse contexto, o hábito de assistir aos jogos se espalhou, o que levou a um aumento significativo das arrecadações. No caso de Buenos Aires, as partidas mais importantes da época chegaram a ter 50 mil pessoas. A fim de abrigar a assistência massiva, os clubes tiveram de melhorar sua infraestrutura, o que levou à construção dos primeiros estádios de cimento do país. A imprensa acompanhou e imprimiu novos alcances a esse processo ao ampliar e renovar sua capacidade de cobertura e difusão das práticas esportivas. Desta maneira, o futebol se converteu em um produto cultural de massas que afetou o repertório identitário da população e contribuiu com a modernização da sociedade.

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Foto2. 55 mil pessoas presenciam o clássico entre San Lorenzo e Boca Juniors no Estádio de Avenida La Plata. Fonte: El Gráfico, 8 de setembro de 1929.

A profissionalização (ilegal) dos jogadores homens

Por mais que a profissionalização do futebol masculino tenha se oficializado na década de 30 (Buenos Aires foi a pioneira em 1931), foi ao longo dos anos 1920 que a prática do “amadorismo marrom” se difundiu, isto é, uma espécie de profissionalismo ilegal que consistia na cobrança por parte dos jogadores de uma quantia monetária ou algum outro benefício material previamente acordado com os dirigentes esportivos, apesar de sua proibição regulamentar (Reyna, 2015). A retribuição podia ser um pagamento periódico ou por partida, um prêmio posterior a cada encontro, uma comissão para viagens, roupas ou a comida diária. Outra forma de remuneração era colocar algum jogador em uma instituição pública. Finalmente, a última artimanha comum da época era “contratar” os jogadores ou seus familiares como empregados de empresas privadas para justificar os pagamentos registrados. Muitas dessas empresas pertenciam a simpatizantes ou dirigentes dos clubes.

Mais de uma denúncia circulava nos arredores revelando que alguns jogadores de renome pediam aos dirigentes um grande subsídio financeiro como condição para seguir vestindo as cores do clube; caso contrário, iam para outros instituições que lhes ofereciam acordos melhores. O recurso ao profissionalismo ilegal entrava em jogo quando era necessário competir pela conquista desses serviços, fosse para manter um jogador nas fileiras do clube em que atuava ou para convencê-lo a partir para um novo. Este era um comportamento que foi combatido nas páginas dos jornais, que mantiveram uma campanha moralizadora contras os jogadores denominados “desonestos” e contra os clubes que os incentivavam.

No entanto, o surgimento do “marronismo” possibilitou que muitos jovens dos setores populares pudessem dedicar-se com maior exclusividade à prática esportiva de alto rendimento e associaram-na, pela primeira vez, a um meio de vida alternativo e à possibilidade de uma mobilidade social ascendente. Embora essa aspiração só tenha se materializado em poucos casos, dado que, em sua grande maioria, as somas em jogo eram pequenas, os jogadores que mais se destacavam emergiram nesta época como figuras de consumo cultural por conta de seus méritos desportivos.

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Foto 3. Diárias aos jogadores de futebol. Fonte: El Gráfico, 4 de dezembro de 1926.

A partir de 1926, a FIFA reconheceu oficialmente a existência do amadorismo marrom e vários países começaram a legalizar o profissionalismo. Na Argentina, esse fenômeno se entrelaçou poucos anos depois com a crescente insatisfação dos jogadores com os dirigentes pelas restrições contratuais a sua livre mobilidade e capacidade escolher onde queriam jogar. Nesse período, no princípio de abril de 1931 um grupo de jogadores que faziam parte da Associação Mutualista de Jogadores de Futebol – a primeira entidade no país criada por futebolistas para defender seus interesses corporativos – levaram uma petição à AAAF exigindo o passe livre, ou seja, a possibilidade de mudar de clube com a aprovação apenas da entidade que o desejava. Diante da falta de resposta dos diretores, os jogadores se declararam em greve, organizaram uma marcha e pediriam a mediação das autoridades governamentais, que viram na legalização da prática remunerada uma solução para o assunto.

Tal como comenta Julio Frydenberg (2011), ao final desse mês, a grande maioria dos 36 clubes pertencentes à AAAF se disseram a favor do profissionalismo. Os futebolistas tiveram a possibilidade de obter remunerações por suas atividades em troca de uma maior especialização e dedicação à prática. Essa nova disposição não conseguiu o aval da associação e 18 dos clubes mais poderosos de Buenos Aires constituíram sua própria federação, a Liga Argentina de Futebol (LAF). Os clubes excluídos da nova entidade se agruparam em torno da Associação Argentina de Futebol (AAF). A LAF conseguiu impor-se a pela hierarquia de seus clubes e firmou pactos de concordância com as federações das cidades de Rosario, Córdoba e Santa Fé para reger os destinos nacionais. A necessidade de evitar a migração dos jogadores mais talentosos dessas ligas às equipes profissionais “porteñas” abriu o caminho para a posterior profissionalização do futebol naqueles lugares, o que implicou em uma nova fase na transformação do espetáculo desportivo.

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Foto 4. Fernando Paternoster, craque do Racing Club de Avellaneda e da seleção argentina. Fonte: El Gráfico, 7 de setembro de 1929.

Invisibilidade, exclusão, disputas e resistência. O lugar das mulheres na história centenária do futebol

Ainda que a história nos mostre que espaços como o futebol tenham sido de e para homens, as mulheres sempre estiveram presentes (Cabrera e Hijós, 2020). Antes de serem encaradas como acompanhantes, torcedoras e fanáticas, as mulheres argentinas jogavam em clubes, inspiradas pela popularidade das “footballers” inglesas e francesas. Os primeiros registros revelam a existência de uma equipe feminina em 1922 em Buenos Aires, chamada Río de la Plata. Entretanto, quando que o futebol se tornou um esporte nacional e passou a ser parte da identidade argentina, trouxe uma única condição de gênero: um espaço quase exclusivamente jogado e contado por homens, onde se constroem e reforçam masculinidades hegemônicas (Archetti, 1994), do qual as mulheres foram isoladas e invisibilizadas.

Os meios de comunicação de massa são em grande parte responsáveis pelo lugar de privilégio concedido ao futebol masculino, com coberturas sexistas que enunciam esportes que estão em concordância com o gênero e que – até hoje – têm ignorado quase que por completo os jogos femininos. Assim, nas publicações da época foi se configurando o tênis, o atletismo, o golfe, a natação e – particularmente desde a década de 1920 – o vôlei e o basquete como esportes para as mulheres, além de outras práticas “adequadas” como a “pelota vasca” e o pushball, que hoje não tem protagonismo. Os argumentos biológicos promovidos pela perspectiva científica da época, as premissas vinculadas à saúde e a fisionomia das mulheres (“um corpo despreparado para este esforço muscular”) junto com as presunções de falta de atratividade como espetáculo (“não teriam a força que entusiasma o público)[4] eram os fatores determinantes para separar as mulheres do futebol, instaurando modos de ser legítimos.

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Foto 5. Argumentos pelos quais as mulheres não deveriam jogar futebol. Fonte: El Gráfico, 15 de janeiro de 1921.

As representações da época condenaram a participação feminina, associando a ação de jogo com o lesbianismo e à sexualidade descontrolada (“os choques tratavam os jogadores em um abraço lésbico inaceitável”)[5], levando razões supostamente objetivas (ligadas à ciência e à saúde) para tirar as mulheres e respaldar ideias de que esta era uma prática que não era para elas. Mesmo que na Argentina o futebol não tenha sido proibido legalmente para as mulheres[6], a eliminação se materializou em termos de representação[7]. Na imprensa escrita, as mulheres são relacionadas com imagens ligadas à vida familiar, ao cuidado e ao acompanhamento, referências que contribuíram na configuração de identidades femininas e que moldaram os corpos, nos quais os benefícios da atividade física se apresentavam associados ao cultivo da beleza e da boa saúde. Gradualmente, em revistas e jornais dos anos vinte, as mulheres começaram a ser representadas de modo passivo. A “mulher moderna” era caracterizada pela debilidade física, intelectual e moral, assim como de excesso de sentimentalismo, enquanto suas funções fundamentais eram a maternidade e o cuidado da família, que acreditavam ser constitutivas de sua essência (Barrancos, 2010).

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Foto 6. Encontro entre Feminina Sport Club de Paris e Dick Kerr de Preston da Inglaterra. Fonte: El Gráfico, 13 de junho de 1925.

A presença das mulheres nos campos de futebol e seu papel como torcedoras também se potencializou, sem deixar de ser um estigma de um ambiente de “machos”, que as invisibilizou e diluiu como ocorreu depois. As coberturas periódicas dos finais dos anos vinte destacavam sua paixão fervorosa, o conhecimento sobre jogadas e performances, sem omitir os trabalhos esperados que implica o ser mulher (como o bordado das bandeiras nos intervalos das partidas) e o aporte de “elegância” e “civilidade” que sua presença supunha. Esse estado de excepcionalidade e as concessões de permissão para as mulheres (torcedoras) se interrompia com o fim da partida dos homens. Como relata uma nota do El Gráfico de 1929 sobre o perfil da torcedora de futebol: “quando terminar a partida, recobrará seu sexo e adotará novamente seu passo curto, discreto”, retornando ao âmbito privado para novamente naturalizar a divisão de papéis na confirmação histórica de modelos femininos e masculinos.

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Foto 7. O perfil da torcedora de futebol argentina. Fonte: El Gráfico, 14 de dezembro de 1929;

Considerações Finais

O futebol argentino, nascido na segunda metade do século XIX com as marcas do elitismo, amadorismo e fair play, mostrava ao final dos anos vinte do século seguinte, um rosto popular, masculino, massivo e mercantilizado. Foi nessa década que confluíram uma série de fenômenos que marcaram o futuro do esporte até a atualidade. Não falamos de etapas sequencialmente estruturadas, mas sim de processos de sobreposição relacional. Tendências que sofrerão com as marchas e contramarchas nos períodos subsequentes, pois “a história” nunca está livre de rupturas, deslocamentos, pausas, intermitências ou recuos.

A título de encerramento, continuamos com algumas perguntas. Sabendo que não há temporalidades sem espacialidades, nos perguntamos: quanto desta “história mínima” traçada peca de “porteñocentrismo”? Que outros processos e tendências se desenvolveram em outras geografias do país? Também sabemos que o futebol sempre deve pensar-se relacionalmente com outros campos, então: que outras democratizações do lazer operaram durante aquela década para que a popularização e massificação do futebol pudesse ocorrer? Quanto a modernização urbana da época tem relação com a institucionalização e expansão do futebol?

Um tema vital que foi deixado de lado por questões de espaço foi o da violência nos estádios da época. Não é por acaso que nos primeiros anos do século XX, quando surgiram os primeiros grandes tumultos e mortos, a imprensa escrita começou a cunhar a noção de “barras” para coletivizar – sob uma forte vocação moralista – os “torcedores fanáticos” que protagonizam episódios “antidesportivos”, “incultos” ou “de vandalismo”. Então quanto tem a ver o pânico moral criado desde a imprensa com a popularização do futebol? Em outras palavras, o dito pânico moral não supõe um pânico de classe?

Também expusemos como a história do futebol na Argentina tem sido protagonizada e configurada por uma perspectiva masculina. Havia – e há – um desejo de neutralizar a presença feminina em um espaço “de e para homens”. Hoje, quase cem anos depois das primeiras referências de mulheres no futebol, como elas são representadas? Até que ponto nos afastamos destas representações que põem em circulação visões sexistas e reproduzem estereótipos? Quanto mudaram os papéis historicamente designados às mulheres no esporte? Quanto falta para alcançar um horizonte emancipatório e libertador em termos de gênero? Estão sendo construídas opções alternativas no futebol?

Por fim, pensando neste artigo, o que, do que foi dito da Argentina, pode ser comparado com o caso brasileiro? Parafraseando a grande fundadora dos cruzamentos entre ciências sociais e futebol, Simoni Lahud Guedes, o que une e o que separa no futebol Argentina e Brasil? Duas nações condenadas a um jogo de espelhos entre si.

Todas são perguntas inevitáveis que abrem um caminho a ser seguido pelas pesquisas sociais destinadas a compreender o desenvolvimento alcançado pelo esporte ao longo de sua história.

[1] Doutoranda em Ciências Sociais (FSOC, UBA, Argentina). Mestre em Antropologia Social (IDES-IDAES/UNSAM). Graduada em Ciências Antropológicas (FFyL, UBA). Bolsista de Doutorado do Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas (CONICET). Email: nemesiahijos@gmail.com

[2] Doutor em Antropologia (Universidade Nacional de Córdoba, Argentina). Bolsista de Pós-doutorado IDACOR-UNC-CONICET. Email: nico_cab@hotmail.com

[3] Doutor em História (Universidade Nacional de Córdoba, Argentina). Investigador Assistente CONICET. Email: franco2reyna@hotmail.com

[4] Uma das primeiras representações foi a nota do jogador inglês Andy Ducat no El Gráfico (15 de janeiro de 1921) no artigo “Por que a mulher não deve praticar o futebol?”, ele explica que, por natureza, “a mulher” é frágil demais para participar de um esporte tão “rude” e que, ao jogar este esporte de “machos”, corre risco de ganhar musculatura, transformando- se em um “marimacho”, deixando de “ser mulher”.

[5] Referência do poema de Bernardo Canal Feijoó, “Futebol de mulheres”, de sua coleção Penúltimo poema de fútbol de 1924.

[6] Por ser considerado perigoso para o sexo “mais frágil”, ao colocar em risco o sistema reprodutivo feminino, esteve proibido em países como Inglaterra (1921-1971), Brasil (1941-1979) y Alemanha (1955-1970).

[7] Durante os primeiros 50 anos da revista El Gráfico somente 10% das capas foram destinadas a mulheres e não mais que 6% a mulheres atletas.

Referências bibliográficas

Archetti, E. (1994). Masculinity and football: The formation of national identity in Argentina. En R. Giulianotti y J. Williams (Eds.), Game without Frontiers: Football, Identity and Modernity (pp. 225-243). Aldershot: Arena.

Barrancos, D. (2010). Mujeres en la sociedad argentina: una historia de cinco siglos.
Buenos Aires: Sudamericana.

Cabrera, N. e Hijós, N. (2020). Juegos de espejos: una historia mínima del fútbol femenino en Argentina y Brasil. En Hijós, N.; Moreira, V. y Soto-Lagos, R. (Eds.), Los días del Mundial: miradas críticas y globales sobre Francia 2019 (pp. 42-46). Ciudad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO.

Frydenberg, J. (2011). Historia social del fútbol. Del amateurismo a la profesionalización. Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores.

Geertz, C. (2006). La interpretación de las culturas. Barcelona: Gedisa.

Reyna, F. (2015). “La difusión y apropiación del fútbol en el proceso de modernización en Córdoba (1900-1943). Actores, prácticas, representaciones e identidades sociales”, Tesis Doctoral en Historia. Córdoba: Universidad Nacional de Córdoba.

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