“Misunderstandings are the medium in which the noncommunicable is communicated.”
– Theodor Adorno, Prisms.
Estava eu quieto em meu canto, quando a TV invade minha privacidade com um inusitado “bate-boca” velado e indireto entre o entrevistado e o pseudo-entrevistador. Coisa banal em outras áreas, mas extremamente rara em campos esportivos, especialmente em campos de futebol.
Aquilo me chamou a atenção. Talvez estejamos presenciando algo realmente “novo” no que tange à mediação, na seara esportiva. Se antes o sujeito limitava-se a dizer que “dessa vez não deu, agora temos que erguer a cabeça e continuar trabalhando que quarta tem mais jogo”(sic), Não parece ser esse o caso doravante. Gostei muito dessa nova atitude judaica. Bateu-Levou. “olho por olho”. O tijolo e a vidraça . Ninguém aguenta ficar só apanhando, infinitamente, sem revidar, “dar a outra face”. Enfim, aos fatos.
Após a partida entre Fluminense X Vasco da Gama, em 19/07/2015, no Maracanã, o repórter da Rede Globo entrevista o zagueiro Rodrigo, da equipe vencedora da partida, o Vasco. Assista ao vídeo na íntegra:
https://www.youtube.com/watch?v=Tepw3b-FLF8
O que captou minha atenção neste caso, foi a referência direta do entrevistado, o normalmente paciente e deslumbrado jogador de futebol, ao comentarista esportivo, essa entidade suprema acima do bem e do mal.
Anteriormente já havíamos abordado o assunto comentaristas, em duas postagens: “O tijolo e a vidraça”, e “Uma ave que cai”. Em ambos os textos essa faceta de superioridade e autoridade suprema dos comentaristas é o tema principal. Ao ver esse mesmo tipo de reação partir de dentro do gramado, ao vivo, conclue-se que há realmente algum tipo de reverberação.
Seria bom que os jornalistas e comentaristas tivessem mais cuidado ao tecer seus comentários, para evitar que cenas como estas se repitam:
https://www.youtube.com/watch?v=eruGpHq5BM8
Eu, na minha reles posição de telespectador, nem considero necessário que haja comentarista esportivo numa partida de futebol. Havia essa necessidade no caso do rádio, onde não se tinha acesso às imagens, mas na televisão? pra que? eu vi que foi pênalti. Eu vi que a bola saiu, que o jogador X está jogando mal. Inútil. Lembro de uma vez em que um jornalista foi até o treino do Flamengo em Resende. O lateral Fábio Baiano o viu, abandonou o gramado e o agrediu. Após, ao dar sua versão da briga, disse: “É muita cara de pau esse cara escrever um monte de M**** a meu respeito, criticar meu trabalho e depois vir aqui mostrar a cara”. Pois é. O Jair Picerni também se irritou certa vez:
Quem fala o que quer…