Mude o impossível

Minha pesquisa acadêmica sempre girou em torno do esporte paralímpico e sua relação com os meios de comunicação. Em diversos momentos em que fui apresentar alguns de meus resultados e reflexões, fui questionada por outros pesquisadores, muitos já com vasta experiência, se meu interesse pelo tema poderia ser explicado pelo fato de eu ter alguém com deficiência na família. Esse questionamento sempre me incomodou e me leva a explicar que meu interesse surgiu em 2004 durante o período olímpico. Depois de acompanhar avidamente os Jogos Olímpicos pela TV, esperei ansiosamente pelos Jogos Paralímpicos, espera frustrada. A cobertura midiática foi pífia, notícias curtas, poucas transmissões ao vivo. Então, comecei a questionar o porquê, uma vez que, o Brasil vem crescendo no esporte paralímpico, e os números do país não deixam mentir: em Atenas-2004 foram 10 medalhas e o 16º lugar geral; em Pequim-08, 47 medalhas e nono lugar; na ultima edição em 2012 em Londres o Brasil conquistou 43 medalhas e o sétimo lugar no ranking.

atletismoDepois de tantos anos pesquisando o tema, e justificando meu interesse me deparei no ultimo dia 10 com o lançamento da campanha: “Mude o impossível”. A ideia da campanha é mostrar que o conceito de impossível é relativo.  “Impossível nadar mais rápido do que alguém o dobro do meu tamanho”; “Impossível correr 400m em menos de 1min sem ver a pista”; “Impossível acertar o gol sem enxergar”.

Classificamos as pessoas com deficiência dentro de nossas caixas mentais do que acreditamos ser possível ou impossível, essa classificação vem de nosso conhecimento adquirido sobre o mundo, e esse conhecimento é construído pelo nosso contato direto com o outro, mas principalmente através da informação que recebemos sobre o outro. E é claro que os meios de comunicação exercem um papel fundamental na criação, alteração, e reforço de estereótipos.  Esses estereótipos divulgados pela mídia são reflexos dos medos e ansiedades do público, ou seja, nos evitamos falar sobre a possibilidade da deficiência, em nos ou em alguém próximo, e o que tememos geralmente estigmatizamos.

Impossível pensar diferente; Impossível quebrar paradigmas; Impossível mudar. Mude o impossível! Aproveite as resoluções de ano novo para mudar algo que você acredita ser impossível e aproveite para refletir de que forma você se relaciona com o outro que é diferente de você. E um Feliz Ano Novo!

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