As estatísticas apontam que Peyton Manning, quaterback do Denver Broncos, esteve longe de ter feito sua melhor temporada se forem considerados os inúmeros recordes já conquistados pelo camisa nº18. As contusões o atrapalharam e o peso da idade se refletiu em pernas menos ágeis e um braço direito não tão potente quanto antes. Os indícios são de uma iminente aposentadoria. No entanto, se existe algo que, quanto mais o tempo passa, mais se adquire é a experiência. A experiência de quem havia disputado até então 3 Super Bowls deu tranquilidade para toda a sua equipe vencer a edição cinquentenária da grande decisão da liga de futebol americano (NFL) contra o até então tido como favorito Carolina Panthers pelo placar de 24 a 10 no último dia 7.
A defesa do Denver Broncos socorreu Peyton Manning em um momento de sua carreira no qual não consegue mais vencer com as suas próprias jogadas. Por muito tempo, o quaterback de 39 anos carregou times “nas costas”, como na sua passagem pelo Indianapolis Colts, onde conquistou o seu primeiro Super Bowl em 2007. Seus companheiros de Denver Broncos sabiam que a noite de ontem poderia terminar de maneira especialíssima: além do título, vencer ao lado de um dos maiores nomes da NFL em um de seus atos finais seria ainda inesquecível; uma oportunidade que poderia não mais bater à porta. Pode-se afirmar, então, que o 3º Super Bowl da franquia foi resultado do reconhecimento e do respeito a quem contribuiu tanto para a popularização do futebol americano no século XXI em todo o planeta. As estatísticas negativas sobre Manning que me perdoem, mas sua provável última temporada se encerra de forma magnífica.
Sob rumores de aposentadoria, Peyton Manning comemorou o seu segundo título de Super Bowl.
O futebol americano é cativante, e o Super Bowl, com todas as suas peculiaridades e inovações, é o dia de gala desse esporte. Não é a toa que o espaço destinado na mídia para os jogos da liga cresce a cada ano no Brasil: nos últimos 4 anos, a audiência da NFL cresceu em 800% no país e existem fãs em todas as faixas etárias (entre aqueles que declararam acompanhar frequentemente os jogos da liga, 27,2% possuem mais de 50anos, 26,6% entre 35 e 49 anos, 22,6% entre 25 e 34 anos e 12,5% entre 18 e 24 anos, além de 25% dessa audiência ser feminina segundo o site www.esporteemidia.com). Se esses números e reconhecimento foram alcançados de forma tão expressiva, isso se deve ao empenho de alguns veículos da mídia esportiva brasileira em promover uma nova modalidade em um cenário tão dominado pelo futebol, mas, sobretudo, a nomes como Peyton Manning, Aaron Rodgers, Tom Brady, Joe Montana, Larry Fitzgerald e Marshawn Lynch. São os craques, com toda a habilidade e dinâmica de corpos, que nos emocionam. Precisamos agradecê-los por todo o legado, emoção e sacrifícios deixados em campo seja você um admirador deste esporte ou não. O esporte, do mesmo modo que a política e a cultura, é um fenômeno social gerador de histórias; e não há histórias no esporte sem personagens, os ídolos responsáveis por inspirar as próximas gerações.
O já consagrado show no intervalo do Super Bowl é um exemplo da espetacularização promovida pela NFL em seus eventos.
A NFL é referência, assim como a Premier League, em termos de organização e espetacularização do esporte. A liga de futebol americano é dona das maiores médias de público e de arrecadação entre todos os campeonatos do mundo. No entanto, não se pode negar que o sucesso midiático alcançado por essas duas ligas veio aliado a um processo de elitização. Um estudo feito em 2015 pelo banco de dados “Fan Cost Index” aponta que assistir a uma partida da NFL custa em média 480 dólares (preço médio de 4 ingressos + 2 cervejas + 4 hot dogs + 2 bonés + estacionamento). Apesar de a realidade econômica entre EUA e outros países, como o Brasil, ser diferente, a elitização do público está cada vez mais inerente à modernização de arenas e à expansão de serviços ao torcedor, o que exige a elaboração de estratégias que permitam a presença de setores menos favorecidos em espaços de entretenimento e lazer. A Copa do Mundo de 2014, por mais que tenha contribuído para a modernização de nossos estádios, também impôs esse desafio ao futebol brasileiro.