Estudo Jogos Olímpicos. Mais precisamente as narrativas jornalísticas sobre os atletas-heróis olímpicos. Sendo ainda mais específico: as narrativas do Jornal do Brasil na segunda metade do século XX. Dito isso, que não serve para mais nada além de contextualizar o que está por vir, exponho alguns pensamentos que não cabem, da forma como se encontram, em um texto acadêmico.
A alegria de poucos instantes antes se transformava no choro convulsivo de alguns, no olhar cabisbaixo e envergonhado de outros. Uma vez mais, o futebol brasileiro tinha seu instante de profunda mágoa (01 de setembro de 1972, p. 28)
- Torneio Olímpico de Futebol. Taí um título que a nossa seleção ainda não ganhou. O trecho acima foi retirado de uma matéria que lamentava a eliminação brasileira nas Olimpíadas de 1972. Com poucas modificações, poderia ser aplicada a todas as outras edições em que o Brasil não obteve êxito. Não por falta de tentativa ou empenho. Poderia conjecturar explicações que levariam mil e uma noite para ser contadas. Contudo, a verdade nua e crua são os insucessos. Analisando o JB na segunda metade do século XX, é impossível não ficar abismado com os sucessivos fracassos de equipes nacionais que eram vistas com favoritismo tanto pelos jornalistas locais quanto pelos estrangeiros. Em ano de Copa no Brasil, mais do que a vitória nesse certame, eu, como pesquisador de esportes olímpicos, estarei olhando também mais para a frente e torcendo para que os Jogos Olímpicos do Rio sejam o momento tão esperado pelo futebol nacional.
- Sorte. Figurinha fácil na boca de jornalistas, treinadores, dirigentes e atletas. O que define essa “entidade” capaz de decidir destinos, acabar com preparações físicas e estratagemas táticos treinados à exaustão, que leva muitos aos prantos e gera desilusões? Não possuo resposta para essa pergunta, mas, pelo número de vezes em que a sorte, o azar e a sina aparecem nas narrativas jornalísticas após os insucessos esportivos brasileiros tendo a crer que são elementos que muito nos ajudam a entender o caráter nacional. Devemos contar com a sorte para triunfar, mas, se tudo der errado, não tem problema: é uma questão de sorte, afinal.
- Fé. O atleta olímpico tem de tê-la. São poucos os atletas olímpicos que após uma conquista se regozijam de seus esforços, louvando apenas seus méritos pessoais. De praxe, deve-se agradecer primeiro a Deus. Nesse aspecto, Deus e a sorte se aproximam. Se Deus sempre ajuda na glória, a sorte é mais ingrata, visto que vem e vai a seu bel prazer e aparece mais nos fracassos. Se a família do atleta reza também, aí a narrativa fica completa. Venceu, porque orou. Quando perde, sequer menciona-se se a família ou o atleta estavam pedindo ou não uma intervenção divina. Não estou considerando se essa é uma tática bem-sucedida ou não, apenas relato como ela aparecia nas páginas esportivas do JB no período em que o estou estudando.
- Treino. Taí um elemento menos sobrenatural nas narrativas. Ao contrário dos dois anteriores, esse é um ponto que chama minha atenção. Valoriza-se sobremaneira o treinamento dos atletas em todos os esportes olímpicos, incluindo o futebol, principalmente nos momentos que antecedem o início das provas. Após a vitória, as narrativas elaboradas sobre o triunfo não necessariamente deverão conter em suas linhas menções aos esforços que conduziram ao pódio.
Não vou me estender nessas curtas e generalizadoras reflexões. Ponto final.
ps.: Já pensando nos próximos posts decidi recuperar a história de grandes atletas que me são homônimos. De cabeça, me lembro apenas de dois: Fausto dos Santos, o “Maravilha Negra”, atacante brasileiro na Copa de 1930, e Fausto Coppi, ídolo italiano no ciclismo, recordista mundial da hora, bicampeão do Tour de France e pentacampeão do Giro d’Italie. Caso algum leitor conheça outro Fausto, que seja famoso na esfera esportiva, peço que me informe nos comentários ou por email.
Fotos do ciclista Fausto Coppi
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