Prêmio é concedido pela revista France Football anualmente e lista com os 30 jogadores conta com o brasileiro Vinícius Jr
O ano era 2003. Época em que astros como o francês Zinedine Zidane e o brasileiro Roberto Carlos ainda atuavam pelo gigante Real Madrid, e David Beckham tinha acabado de trocar o clube inglês Manchester United pelo também famoso clube de Madrid. E ainda tinha o francês Thierry Henry no Arsenal, também da Inglaterra, e o grande zagueiro Paolo Maldini, sempre ídolo do Milan, da Itália. Nesse cenário, o destaque e ganhador da Bola de Ouro daquele ano do prêmio concedido pela famosa revista France Football, que elege os 30 melhores jogadores de futebol do mundo desde 1956, foi o meio-campo do time italiano Juventus Pavel Nedved, que nasceu na Tchecoslováquia.
Contudo, com todo o devido mérito que o feito de Nedved teve naquele ano, há algo naquela lista para além do nome do atleta tcheco que realmente nos deve chamar a atenção. Detalhe, que talvez, naquele momento, não faria nenhuma diferença, porém talvez tenha mudado os rumos do futebol para sempre. O português Cristiano Ronaldo, que atuava pelo Manchester United, tinha sido citado pela primeira vez no top 30 de melhores jogadores. É fato que ele não recebeu nenhum voto naquele ano, mas já ser reconhecido como um dos destaques da temporada já demonstrava o estava por vir. Em 2004 e 2005, não foi diferente, Cristiano também esteve na lista, só que dessa vez ganhando votos e posições, 12º e 20º, respectivamente.
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Porém, em 2006, digamos que o maior rival em premiações de Cristiano entrou no páreo. O argentino Lionel Messi foi indicado pela primeira vez entre os 30 para a Bola de Ouro. Naquela temporada, o português foi o 14º e o novato, que jogava pelo Barcelona, clube da Espanha, foi o 20º.
O ano de 2007 chegou e, modesta a parte, é meu ano favorito, por ser uma grande Kakazete, ou seja, muito fã do Kaká, que na época atuava pelo Milan. Vou explicar o porquê. Foi a primeira vez que Cristiano e Messi chegaram tão longe na competição e a última vez que um jogador brasileiro foi eleito melhor do mundo, o meu saudoso Kaká. É claro que estou sendo parcial nesse parágrafo. Mas voltando à imparcialidade. Cristiano ficou na segunda colocação e Messi em terceiro.
E aí começa o revezamento. Cristiano ganha o prêmio de 2008, com Messi em segundo. O inverso ocorre em 2009. Em 2010, 2011 e 2012, o argentino ganha e o português fica em sexto, segundo e segundo, respectivamente. Em 2013, Cristiano volta à frente de Messi, que fica na segunda colocação novamente. O mesmo ocorre em 2014. Em 2015, os dois trocam de posição de novo. Já em 2016 e 2017, Cristiano volta a ficar na primeira colocação, com Messi na segunda. Em 2018, o português é primeiro e o argentino é quinto. Em 2019, Messi retorna ao topo e Cristiano é terceiro. 2020 não ocorreu premiação, diante da pandemia da Covid-19. Em 2021, Messi é o primeiro e Cristiano é sexto. 2022, Cristiano é o 20º e Messi não foi indicado. Em 2023, os papéis novamente mudam de figura, só que Messi leva a melhor, por ter conquistado a Copa do Mundo com a Argentina no Catar, e conquista pela oitava vez a Bola de Ouro e Cristiano nem chega a ser indicado. O português ganhou o prêmio em cinco ocasiões.
E chegamos ao ano da graça de 2024, com indicações como os ingleses Phil Foden, do Manchester City, e Harry Kane, da equipe da Alemanha Bayern de Munique; do alemão Toni Kroos, que atua pelo Real Madrid; do francês Kylian Mbappé, que estava jogando pelo PSG da França, mas que foi transferido recentemente também para o Real Madrid; e também para um dos favoritos ao título, o brasileiro Vinícius Junior, que também é atleta do clube espanhol de e um dos destaques da equipe na conquista da Uefa Champions League 2023/2024. E pela primeira vez, desde 2003, nem Cristiano, nem Messi, foram indicados entre os 30 melhores jogadores do mundo da revista France Football. Será o fim de uma era? Será o fim da carreira desses jogadores?
Talvez esteja sendo um pouco dramática ao fazer essas perguntas, mas o fato é que os jogadores que dominaram o futebol nas últimas décadas e chegaram a ser comparados, em muitos casos, a Maradona e Pelé, estão fora da disputa pela Bola de Ouro pela primeira vez em 20 anos. E a maior coincidência, ou não, é que nesse mesmo ano, um brasileiro, depois de muito tempo, também está entre os favoritos para ser eleito novamente o melhor do mundo.
Fonte da imagem: Goal
Vinicius Junior foi eleito o melhor jogador da Uefa Champions League 2023/2024, o que dá um forte indicativo de que ele está no caminho certo para ser o Bola de Ouro da France Football. É claro que há concorrentes muito bons, como o meia Jude Bellingham, que também está na lista da revista e foi eleito pela Uefa o melhor jogador jovem da Champions.
Olhando a carreira de Cristiano, são 39 anos de idade, mais de 900 gols, maior artilheiro do futebol mundial em atividade e o maior de todos os tempos em jogos oficiais, cinco Uefa Champions League, sendo uma pelo Manchester e quatro pelo Real Madrid. Pelo clube espanhol ainda tiveram os títulos: dois campeonatos espanhóis, três mundiais de clubes, além de Supercopas, Supertaças e Copas do Rei. Pelo Juventus, da Itália, foram dois títulos nacionais e duas Copas da Itália. Pela Seleção de Portugal, Cristiano Ronaldo também é o maior artilheiro da história da equipe, com 128 gols em 205 jogos. A maior conquista de CR7 pela Seleção veio em 2016, com a Eurocopa.
Iremos agora à carreira de Messi. Nascido em 24 de junho de 1987, com 37 anos, o jogador argentino coleciona mais de 800 gols. Pelo Barcelona, clube em que foi revelado, são 10 campeonatos espanhóis, sete Supercopas da Espanha, quatro Uefa Champions League, sete Copas do Rei, três Supercopa da UEFA, três Mundiais de Clubes da FIFA. Pelo PSG foram dois campeonatos franceses e uma Supercopa da França. Já pelo Inter Miami, o argentino conquistou apenas uma League Cup. Pela Seleção Argentina foi a Copa do Mundo de 2022 e as Copas Américas de 2021 e 2024.
Diante de tantos feitos de ambos os jogadores e da idade aproximada dos 40 anos, fica a questão de que seria o momento de parar a carreira?! Muitos diriam que ainda não. O grande goleiro italiano astro da Juventus e da equipe também italiana do Parma, Gianluigi Buffon, se aposentou com 45 anos, no ano passado. No Brasil, temos também o goleiro Fábio, que atua no Fluminense, e o meio campo Nenê, que joga no Juventude, ambos com 43 anos. E um detalhe nisso tudo, Fábio, inclusive, conquistou um importante título em sua carreira ao ser campeão da Libertadores da América, com já com 43 anos, no ano de 2023,. Se levarmos isso em conta, Cristiano e Messi ainda têm alguns anos de futebol pela frente.
Para concluir esse artigo, quero colocar a reflexão para vocês de algo que para mim fez a diferença para que Cristiano e Messi dominassem por tanto tempo as premiações de melhor jogador do mundo, que é o nível de excelência na preparação física deles diariamente para o futebol, ou seja, o quanto eles trabalham e se dedicam absolutamente para desempenhar o máximo que podem quando estão em campo. Sobre Cristiano, já foram inúmeras as reportagens sobre o quanto ele cuida da alimentação, do seu físico, da sua rotina, da convivência com a família para conseguir assim manter o foco e o desempenho 100% nos gramados. E sobre Messi, o que dizer, somente o mesmo. Desde a divisão de base no Barcelona, sempre mostrou muita dedicação e comprometimento, e também sempre esteve conectado a sua família.
Essas são características de jogadores que devem ser cada vez mais perpetuadas e aperfeiçoadas. O talento, é claro, estará sempre presente, mas o comprometimento, e a dedicação foram algo que levaram Cristiano e Messi ao patamar que os trouxeram até aqui, e que, com certeza, pode sim, trazer muitos atletas a alcançar o auge no futebol mundial nos dias de hoje.
