Observatório Social do Futebol lança o Mapa das Redes Multi-Clubes do Futebol para aprofundar as estruturas dessas redes

Irlan Simões Santos e Jonathan Ferreira, idealizadores do Mapa, identificaram mais de 270 ocorrências relacionadas a 89 diferentes redes de multi-clubes do futebol em atividade ao longo de 2023 e no primeiro semestre de 2024.

Mapa das Redes Multi-Clubes do Futebol — Foto: Observatório Social do Futebol.

O Observatório Social do Futebol é um projeto de pesquisa vinculado ao Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte (LEME) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Esse projeto aborda três linhas de pesquisa: “Violência e Convivência”, “Clubes e Empresas”, “Coletivos e Ativismos”.

Na “Linha 2: Clubes e Empresas no Futebol”, surge o Mapa das Redes Multi-Clubes do Futebol como um estudo inédito, oferecendo uma visão aprofundada e detalhada dessas estruturas.

Logo do Observatório Social do Futebol.

O levantamento realizado pelo Observatório Social do Futebol (UERJ), conduzido pelos pesquisadores Irlan Simões Santos e Jonathan Ferreira, identificou mais de 270 ocorrências relacionadas a 89 diferentes redes de multiclubes do futebol em atividade ao longo de 2023 e no primeiro semestre de 2024. A partir desse vasto conjunto de dados, foi realizado um filtro rigoroso para incluir no mapa 178 clubes, distribuídos em 56 redes, que melhor representam as dinâmicas de controle e expansão dessas redes no futebol global.

Esses dados filtrados são apresentados no Mapa das Redes Multi-Clubes do Futebol, com as seguintes configurações:

13 clubes: 1
12 clubes: 1
10 clubes: 1
8 clubes: 2
7 clubes: 1
6 clubes: 2
5 clubes: 4
4 clubes: 6
3 clubes: 20
2 clubes: 18

Vale destacar que essa contagem inclui redes que, em grande parte, exercem controle indireto sobre os clubes sob seu domínio. Isso significa que, em vez de uma participação direta, muitas vezes esses grupos operam por meio da participação em holdings, investimentos em empresas e fundos que controlam uma rede de clube e não diretamente nele, exemplificando a governança corporativa.

Apresentação do Mapa das Redes Multiclubes do Futebol.
Fonte: Foto tirada pelos pesquisadores no Rio Innovation Week 2024.

A escolha das redes e clubes presentes no mapa seguiu critérios de relevância para garantir que o material representasse os principais atores desse cenário. Os critérios de seleção incluem:

  • Número de clubes na rede: o volume de clubes controlados por cada grupo foi um fator determinante. Redes com mais clubes tendem a ter uma influência mais ampla no futebol global, o que as torna centrais para o estudo.
  • Campeonatos em que os clubes jogam: a relevância dos campeonatos onde os clubes estão inseridos, focando em ligas que desempenham papel importante tanto em nível regional quanto internacional.
  • Perspectiva de crescimento: redes que demonstram potencial de expansão, seja por novas aquisições ou por sua consolidação em mercados importantes, receberam destaque.
  • Participação do clube na rede: o tipo de participação dos investidores também foi considerado. Foram identificados clubes onde as redes possuem controle majoritário, minoritário, ou indireto, ajudando a mapear o nível de influência e governança dentro dessas estruturas.
  • Em termos de perfis de investidores, o mapa mostra uma ampla variedade de tipos: desde grandes conglomerados globais, como o City Football Group, com operações espalhadas por diversos continentes, até redes mais focadas regionalmente, como a rede de Sergey Lomakin, que controla clubes na Rússia, Letônia e no Chipre.

O Mapa das Redes Multiclubes do Futebol oferece uma experiência interativa única, permitindo que o usuário explore as redes de controle de forma dinâmica. A plataforma possibilita a busca por clubes e redes, bem como a navegação pelos pop-ups que trazem informações detalhadas sobre cada clube, como país de origem, tipo de participação na rede, e observações sobre particularidades de governança. Com uma interface intuitiva, o mapa se propõe a ser uma ferramenta indispensável para pesquisadores, jornalistas e entusiastas do futebol que buscam entender as profundas transformações que a financeirização está causando no esporte.

Ressalta-se também que os muitos clubes e redes multi-clubes apresentados no Mapa das Redes Multi-Clubes do Futebol serão objeto do Relatório Redes Multi-Clubes do Futebol, com previsão de lançamento em outubro.

Idealizadores do Mapa das Redes Multiclubes do Futebol:

  • IRLAN SIMÕES SANTOS

Pesquisador pós-doutorado Faperj (PDR-10) vinculado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGCom/Uerj), onde também obteve título de doutorado. Atua como jornalista na função de colunista do Globoesporte.com e do Redação Sportv. Organizador da obra “Clube Empresa: abordagens críticas globais às sociedades anônimas no futebol” (2020) e autor do livro “A Produção do Clube: poder, negócio e comunidade no futebol” (2023).

Contato: 11 959699099

E-mail: iirlansimoes@gmail.com

  • JONATHAN FERREIRA

Doutorando em regime de cotutela entre a UNESP Rio claro-SP e Université libre de Bruxelles, vinculado ao Centre d’Etude de La Vie Politique (CEVIPOL). É membro do Grupo de Estudos “Mundo Dentro e Fora das 4 Linhas”, membro redator do Observatório das Transmissões de Futebóis um projeto desenvolvido pelo Intervozes junto ao grupo de pesquisa Crítica da Economia Política da Comunicação (CEPCOM/UFAL) e pesquisador vinculado ao Grupo de Pesquisa CNPQ “Observatório Social do Futebol” da Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ.

Contato: 19 971023977

E-mail: jonathan.ferreira@unesp.br

SERVIÇO

Observatório Social do Futebol:

Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ

Rua São Francisco Xavier, 524

Cep: 20550-900 – Maracanã – RJ

Telefone: (21) 2334-0500

Sobre o Observatório Social do Futebol:

O Observatório Social do Futebol é tanto um projeto de pesquisa e extensão, vinculado ao CNPq, sendo também uma iniciativa vinculada ao Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte (LEME) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

O interesse do Observatório consiste em produzir um conhecimento científico teoricamente orientado, empiricamente fundamentado e politicamente comprometido com o debate de um fenômeno muito importante no nosso país, como é o futebol. Enquanto projeto de extensão, o Observatório Social do Futebol objetiva construir vínculos entre universidade, sociedade civil, instituições públicas, clubes esportivos e outras organizações sociais.

Pretende-se dar continuidade a uma longa trajetória de pesquisa no LEME, por meio da formulação de políticas públicas e relatórios técnicos nas nossas três linhas de pesquisa: Violência e Convivência; Clubes e Empresas; e Coletivos e Ativismos.

Linha 1: Violência(s) e convivência(s) no futebol

Procura-se constituir e consolidar uma rede de trabalho formada por pesquisadores, torcedores e outros atores da sociedade civil para produzir um conhecimento científico comprometido com o debate público da problemática da “violência no futebol”. Nos interessa quantificar, classificar e mapear os casos de violências retratados pela mídia para identificar tipos, dinâmicas, causas, espaços, temporalidades e protagonistas envolvidos nos episódios registrados. Espera-se colaborar na formulação de políticas públicas e diagnósticos técnicos no campo da segurança esportiva, ao mesmo tempo que se colabora na criação de estratégias de intervenção para melhorar a convivência em busca de um futebol cada vez mais democrático, tolerante, plural e inclusivo. Pautando-se na defesa e manutenção do direito de torcer.

Linha 2: Clubes e Empresas do Futebol

Procura-se produzir estudos sobre a relação entre torcedores e as agremiações de futebol profissional que os mobilizam, em seus sentidos político-econômicos e socioculturais. Nos interessa as investigações acerca dos modelos políticos dos clubes associativos e das transformações/adoções de formatos jurídicos empresariais no Brasil e no mundo. Pretende-se monitorar a constituição das novas redes internacionais multi-clubes e seus impactos na relação dos novos proprietários com as comunidades locais. Acompanhamento das experiências coletivas de torcedores na atuação política quanto aos rumos dos seus clubes.

Linha 3: Coletivos e Ativismos no Futebol

Nos interessa os coletivos de torcidas que se articulam em torno das pautas sociais como o antirracismo do racismo, a LGBTQIA+fobia, movimentos de mulheres torcedoras, movimentos contra o sexismo no futebol. Visa-se mapear esses coletivos de modo e rastrear suas formas de atuação nas redes sociais digitais, nas arquibancadas dos estádios e nas ruas da cidade. Pretende-se oferecer dados que possibilitem análises fundamentadas que contribuam para a elaboração de ações junto aos clubes e entidades públicas que contribuam de modo efetivo para um futebol e uma sociedade democrática e menos excludente.

Sobre o Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte (LEME):

O Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte (LEME) foi fundado em 2014, com o apoio do CNPq, por iniciativa dos professores Ronaldo Helal, Fausto Amaro e Filipe Mostaro. Trata-se de um projeto de ensino, pesquisa e extensão vinculado à Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, resultado de um trabalho desenvolvido há mais de 25 anos pelo Grupo de Pesquisa “Esporte e Cultura”, coordenado pelo professor titular da UERJ Ronaldo George Helal. Desde 2018, o laboratório é também uma Unidade de Desenvolvimento Tecnológico, subordinada ao Departamento de Inovação da UERJ.

A missão primordial do LEME é a difusão do conhecimento acadêmico para além dos muros da academia, visando o fortalecimento do grupo de pesquisa e o estabelecimento de laços com professores e pesquisadores de outras IES do Brasil e do exterior. O trabalho do LEME estimula as pesquisas produzidas pelos seus integrantes para que não se restrinjam apenas às publicações em revistas científicas e apresentações em congressos, mas que possam fornecer subsídios para o ensino no âmbito de graduação e pós-graduação e também para os projetos de divulgação científica produzidos pelo laboratório.

Sobre a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj):

A história da Universidade do Estado do Rio de Janeiro começa em 4 de dezembro de 1950, pela promulgação da lei municipal nº 547. Ao longo dessas décadas, a Uerj cresceu e firmou-se como uma das principais universidades do país. Sua importância no espaço acadêmico brasileiro pode ser atestada pela qualidade da formação superior que oferece, pelo valor da sua produção científica, pelas centenas de projetos de extensão em desenvolvimento, pela promoção da cultura e pelos inúmeros serviços prestados à população. Pioneira na implantação do sistema de cotas para pessoas negras e pardas, desde 2003, a Uerj é referência sobre o tema em nível mundial.

Para acompanhar o trabalho do Observatório Social do Futebol:

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