Com um formato interativo e de atualização permanente, o mapa apresenta 52 torcidas organizadas agrupadas nas cinco principais redes de alianças da atualidade: Dedo Pro Alto, Punho Colado, Punho Cruzado, Lado A e Lado B.

O Observatório Social do Futebol é um projeto de pesquisa vinculado ao Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte (LEME) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Esse projeto aborda três linhas de pesquisa: “Violência e Convivência”, “Clubes e Empresas”, “Coletivos e Ativismos”.
Na “Linha 1: Violências e convivências no futebol”, surge o Mapa das Alianças entre Torcidas Organizadas como um estudo inédito, oferecendo uma visão aprofundada e detalhada das principais redes de alianças entre torcidas organizadas brasileiras.
A linha de pesquisa “Violência(s) e Convivência(s)” do Observatório Social do Futebol (UERJ) tem como objetivo constituir e consolidar uma rede de trabalho formada por pesquisadores, torcedores e outros atores da sociedade civil interessados em produzir um conhecimento científico comprometido com o debate público sobre o fenômeno das “violências no futebol”. Neste sentido, nos interessa quantificar, classificar e mapear os casos de violências físicas retratados pelo acervo midiático brasileiro durante o ano de 2023. Para isso, enquanto máxima que fundamenta este projeto dizemos: o que não pode ser medido ou mapeado não pode ser melhorado.
De acordo com o nosso relatório “Violências e convivências no futebol. Ano 2024”, a ser lançado em outubro, a maioria dos casos de violência física ligados ao futebol masculino profissional registrados em 2023 são entre torcedores de times diferentes (47%) e de torcedores contra as forças de segurança (25%). Ainda persistem, em menor medida, as brigas entre torcedores do mesmo time (7%) e as confusões entre torcedores e jogadores (5%).

A predominância dos confrontos entre torcedores de times diferentes tem a ver, em parte, com quatro fatores identificados: o clubismo como princípio ordenador das identidades futebolísticas; os altos índices de violência que acontecem em dias de clássico; a vingança como obrigação moral das torcidas atacadas e o complexo sistema de alianças e inimizades que regulam as relações entre as torcidas organizadas do país todo.
Para compreender melhor os conflitos entre torcedores de times diferentes, os pesquisadores Nicolás Cabrera, Raquel Sousa e João Vitor Sudário construíram o “Mapa das Alianças entre Torcidas Organizadas”. O produto, por sua vez, visa um formato interativo e de atualização permanente e, em uma primeira versão, apresenta 52 torcidas organizadas agrupadas nas cinco principais redes de alianças entre torcidas organizadas brasileiras: Dedo Pro Alto, Punho Colado, Punho Cruzado, Lado A e Lado B.
A necessidade do mapa se justifica a partir de sua capacidade descritiva e explicativa das relações de amizades e inimizades entre as torcidas organizadas em uma escala nacional. Estas afinidades e hostilidades entre torcidas não são um fenômeno recente tão pouco de um local específico. Casos similares são notados em outros países, sobretudo no contexto latino-americano, assim como demonstra a evolução histórica do caso brasileiro expondo, por sua vez, um fenômeno muito dinâmico. Para além das particularidades e mudanças, há um princípio estruturante que ordena estas alianças entendido, de acordo com a literatura sócio- antropológica, como a “síndrome de beduíno”:
“O amigo de um amigo é um amigo, o inimigo de um inimigo é um amigo; o amigo de um inimigo é um inimigo; O inimigo de um amigo é um inimigo.”
Coerentemente não se trata de um princípio inviolável. Sobram exemplos de inimizades entre torcidas que estão dentro da mesma união, de amizades entre grupos de diferentes alianças ou torcedores do mesmo time em conflito. Dito isso, faz-se necessária a seguinte explanação: o mapa não reflete as alianças e inimizades entre cada uma das torcidas que compõem a união; o mapa apresenta quais torcidas fazem parte de cada bloco pensado como um todo. O mapa também não mostra todas as alianças realmente existentes, ele expõe apenas as principais.
Estas alianças nascem, perduram ou terminam por diversos motivos: rivalidades regionais, relações de parentesco, amizades pessoais, auxílios em viagens, afinidade pelas cores, jogadores em comum, brigas históricas, mortos, mudança da diretoria, etc. E não explicam apenas as violências das torcidas organizadas. Também materializam vínculos de parceria, solidariedade ou ação social. Em consequência, acreditamos que o mapa pode ser uma ferramenta de utilidade pública para diversos objetivos.
Idealizadores do Mapa das Alianças entre Torcidas Organizadas:
- NICOLÁS CABRERA
Nicolás Cabrera é pesquisador de pós-doutorado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e bolsista do Programa de Apoio à Fixação de Jovens Doutores no Brasil da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ)- Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). É doutor em Ciências Antropológicas pela Universidade Nacional de Córdoba (UNC) em 2019. É bacharel em Sociología pela Universidade Nacional de Villa Maria (2012), revalidado pela Universidade Federal Fluminense (UFF).Foi bolsista de pós-doutorado no Instituto de Antropologia de Córdoba (IDACOR) – Universidade Nacional de Córdoba (UNC)- Consejo Nacional de Investigaciones Cientificas y Técnicas (CONICET) no projeto Seguridad, violencia(s) y mercados ilícitos en torno a espectáculos futbolísticos: un análisis comparativo entre las barras bravas argentinas y las torcidas organizadas brasileñas. Tem publicado os livros Que la cuenten como quieran: pelear, viajar y alentar en una barra del fútbol argentino (Prometeo, 2021); Uno hace lo que puede, no? Visualidades en tiempos de pandemia (2021); No me olvides II: Historias de vida de inmigrantes (2011); No me olvides II: Historias de vida de inmigrantes (2011). Também colaborou em diversos capítulos de livros e artigos científicos nacionais e internacionais. Especializado em temáticas ligadas às violências, seguranças, crimes, esportes e antropologia visual.
Contato: +54 9 351 226-7333
E-mail: nico_cab@hotmail.com
- RAQUEL SOUSA
Possui graduação em História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2015) e mestrado em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2021). Atualmente está cursando o doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPCIS/UERJ). Tem experiência na área de Ciências Sociais, com ênfase em Sociologia, atuando principalmente nos seguintes temas: policiamento, eventos esportivos, segurança, estádios e administração de conflitos. Também é pesquisadora do Laboratório de Análise da Violência (LAV-UERJ) e do Observatório Social do Futebol (UERJ).
Contato: +55 21 97562-7507
E-mail: raqueldeoliveirasousa@hotmail.com
- JOÃO VITOR SUDÁRIO
Licenciado em Geografia pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF (2023). Atualmente é Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense (POSGEO/UFF). Pesquisador do Núcleo de Estudos sobre o Território e Resistências na Globalização (NUREG/UFF). Membro do Núcleo de Pesquisa Geografia, Espaço e Ação (NUGEA/ UFJF). Pesquisador colaborador no Observatório Municipal de Violência e Criminalidade da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). Foi bolsista CAPES no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) (2020-2022) e está como Vice-Diretor da Associação dos Geógrafos Brasileiros – Seção Local Juiz de Fora (AGB – JF). Desenvolve pesquisas sobre torcidas organizadas, suas territorialidades, impactos e consequências da arenização e elitização do futebol e segurança pública a partir da prática de tais grupos.
Contato: +55 32 99956-5616
E-mail: joaovitorcsudario@gmail.com
FICHA TÉCNICA
Título completo: Mapa das Alianças entre Torcidas Organizadas do Futebol Brasileiro
Linha: Violências e convivências no futebol. Ano 2024
Autores: Nicolás Cabrera, Raquel Sousa e João Vitor Sudário
Plataforma: ArcGIS Online
Data de Lançamento: 30 de setembro de 2024
SERVIÇO
Observatório Social do Futebol:
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ
Rua São Francisco Xavier, 524, sala 10.129, bloco F
Cep: 20550-900 – Maracanã – RJ
Telefone: (21) 2334-0500
Sobre o Observatório Social do Futebol:
O Observatório Social do Futebol é tanto um projeto de pesquisa e extensão, vinculado ao CNPq, sendo também uma iniciativa vinculada ao Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte (LEME) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
O interesse do Observatório consiste em produzir um conhecimento científico teoricamente orientado, empiricamente fundamentado e politicamente comprometido com o debate de um fenômeno muito importante no nosso país, como é o futebol. Enquanto projeto de extensão, o Observatório Social do Futebol objetiva construir vínculos entre universidade, sociedade civil, instituições públicas, clubes esportivos e outras organizações sociais.
Pretende-se dar continuidade a uma longa trajetória de pesquisa no LEME, por meio da formulação de políticas públicas e relatórios técnicos nas nossas três linhas de pesquisa: Violência e Convivência; Clubes e Empresas; e Coletivos e Ativismos.
Linha 1: Violência(s) e convivência(s) no futebol
Procura-se constituir e consolidar uma rede de trabalho formada por pesquisadores, torcedores e outros atores da sociedade civil para produzir um conhecimento científico comprometido com o debate público da problemática da “violência no futebol”. Nos interessa quantificar, classificar e mapear os casos de violências retratados pela mídia para identificar tipos, dinâmicas, causas, espaços, temporalidades e protagonistas envolvidos nos episódios registrados. Espera-se colaborar na formulação de políticas públicas e diagnósticos técnicos no campo da segurança esportiva, ao mesmo tempo que se colabora na criação de estratégias de intervenção para melhorar a convivência em busca de um futebol cada vez mais democrático, tolerante, plural e inclusivo. Pautando-se na defesa e manutenção do direito de torcer.
Linha 2: Clubes e Empresas do Futebol
Procura-se produzir estudos sobre a relação entre torcedores e as agremiações de futebol profissional que os mobilizam, em seus sentidos político-econômicos e socioculturais. Nos interessa as investigações acerca dos modelos políticos dos clubes associativos e das transformações/adoções de formatos jurídicos empresariais no Brasil e no mundo. Pretende-se monitorar a constituição das novas redes internacionais multi-clubes e seus impactos na relação dos novos proprietários com as comunidades locais. Acompanhamento das experiências coletivas de torcedores na atuação política quanto aos rumos dos seus clubes.
Linha 3: Coletivos e Ativismos no Futebol
Nos interessa os coletivos de torcidas que se articulam em torno das pautas sociais como o antirracismo do racismo, a LGBTQIA+fobia, movimentos de mulheres torcedoras, movimentos contra o sexismo no futebol. Visa-se mapear esses coletivos de modo e rastrear suas formas de atuação nas redes sociais digitais, nas arquibancadas dos estádios e nas ruas da cidade. Pretende-se oferecer dados que possibilitem análises fundamentadas que contribuam para a elaboração de ações junto aos clubes e entidades públicas que contribuam de modo efetivo para um futebol e uma sociedade democrática e menos excludente.
Sobre o Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte (LEME):
O Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte (LEME) foi fundado em 2014, com o apoio do CNPq, por iniciativa dos professores Ronaldo Helal, Fausto Amaro e Filipe Mostaro. Trata-se de um projeto de ensino, pesquisa e extensão vinculado à Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, resultado de um trabalho desenvolvido há mais de 25 anos pelo Grupo de Pesquisa “Esporte e Cultura”, coordenado pelo professor titular da UERJ Ronaldo George Helal. Desde 2018, o laboratório é também uma Unidade de Desenvolvimento Tecnológico, subordinada ao Departamento de Inovação da UERJ.
A missão primordial do LEME é a difusão do conhecimento acadêmico para além dos muros da academia, visando o fortalecimento do grupo de pesquisa e o estabelecimento de laços com professores e pesquisadores de outras IES do Brasil e do exterior. O trabalho do LEME estimula as pesquisas produzidas pelos seus integrantes para que não se restrinjam apenas às publicações em revistas científicas e apresentações em congressos, mas que possam fornecer subsídios para o ensino no âmbito de graduação e pós-graduação e também para os projetos de divulgação científica produzidos pelo laboratório.
Sobre a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj):
A história da Universidade do Estado do Rio de Janeiro começa em 4 de dezembro de 1950, pela promulgação da lei municipal nº 547. Ao longo dessas décadas, a Uerj cresceu e firmou-se como uma das principais universidades do país. Sua importância no espaço acadêmico brasileiro pode ser atestada pela qualidade da formação superior que oferece, pelo valor da sua produção científica, pelas centenas de projetos de extensão em desenvolvimento, pela promoção da cultura e pelos inúmeros serviços prestados à população. Pioneira na implantação do sistema de cotas para pessoas negras e pardas, desde 2003, a Uerj é referência sobre o tema em nível mundial.
Para acompanhar o trabalho do Observatório Social do Futebol: