Universitários e pesquisadores, independentemente da área de estudo (biomédicas, ciências humanas e exatas), estão em contato frequente com artigos científicos e outros projetos de pesquisa acadêmica. Quando lemos tais trabalhos, geralmente um dos primeiros questionamentos a vir à nossa mente é: “Como as autoridades públicas e privadas, na maioria das vezes, não põem em prática todo esse conteúdo?”
Em um ranking de competitividade global elaborado anualmente pelo Instituto Internacional de Desenvolvimento de Gestão e divulgado nessa semana pela imprensa mundial, o Brasil amargurou a sexta queda seguida e está localizado na 57ª posição em uma lista de 61 países analisados em indicadores econômicos, sociais e de gestão administrativa. Muitas das dificuldades enfrentadas pelo Brasil têm a ver com o pouco diálogo ainda existente entre as esferas acadêmica e as do mercado, da política, da sociedade no compartilhamento de informações.
No caso do mundo esportivo, Márcio Guerra, pesquisador em Comunicação e Esporte pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), aponta, em entrevista ao LEME, duas questões mal-aproveitadas pelas autoridades públicas e entidades privadas e já abordadas pela Academia:
“O professor Bernardo Buarque de Hollanda (FGV) está estudando torcidas organizadas: um tema também discutido na UFMG, na Argentina e no Uruguai. Já foi discutido na Europa… Há ainda um preconceito em torno do jornalismo esportivo e da pesquisa em Comunicação e Esporte. Por isso, todo esse conteúdo produzido não é devidamente aproveitado. Enquanto isso em São Paulo e em Minas Gerais, as autoridades não conseguem estancar a violência entre torcidas de clubes rivais. Isso é a falência da segurança pública!”
Continua Márcio Guerra:
“Também na área de gestão do esporte, trabalhos como o de Anderson Gurgel são formidáveis, mas não são bem aproveitados. No INTERCOM, uma pesquisadora fez um levantamento de como os clubes exploram mal o interesse das mulheres pelo esporte. Eles perdem dinheiro ao não entrarem com força nesse segmento, que, segundo essa mesma pesquisadora, é mais fiel ao time, independentemente das atuações em jogos, do que o público masculino.”
O intercâmbio de pesquisas elaboradas nas universidades brasileiras e de outros países sul-americanos sobre essas realidades pode ser um caminho para a conjuntura latino-americana ser melhor analisada nas perspectivas micro e macro, afirma o pesquisador.
O esporte relaciona-se com outras áreas de conhecimento: medicina, engenharia, turismo, história, comunicação, economia e segurança. O preconceito ainda existente sobre a pesquisa que envolve esporte é um obstáculo a ser superado em prol de maior qualidade de vida e desenvolvimento cultural, econômico e científico.
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