O fim do ano costuma ser um período marcado por um grande desafio para a imprensa esportiva. Sem competições, encontrar notícia para estampar a manchete de um jornal ou a capa de um site torna-se uma tarefa inglória. O único tema aparentemente relevante são as intermináveis especulações a respeito das contratações dos principais times do futebol brasileiro.
O curioso é que, em 2013, esse período parece ter chegado mais rápido que o de costume. Não que as competições já tenham acabado. Ou que a falta de assunto já tenha virado regra. No entanto, uma rápida olhada nas bancas de jornal (sim, elas ainda existem e continuam interessantes) deixa claro que a bola já não é mais o assunto principal. O noticiário tem se ocupado, cada vez mais, de temas periféricos, mas não menos importantes, ao campo de jogo. Obras em estádios, preços dos ingressos, mudança do perfil dos torcedores, possibilidade de manipulação de resultados, organização dos jogadores para a reivindicação de melhorias no futebol brasileiro… Estes e outros importantes assuntos têm, constantemente, ganhado mais destaque que o replay do golaço do final de semana.
Uma hipótese, que obviamente precisa de confirmação através de pesquisa, é que o leitor/torcedor já não se interessa tanto pelos acontecimentos factuais. Ou simplesmente não quer ler sobre quem será o titular da equipe no jogo decisivo ou como evoluiu o tratamento da lesão de determinado jogador. Uma possibilidade é que a amplitude da cobertura dada pela mídia televisiva esteja próxima de esgotar todo o assunto. Talvez, após assistir um jogo com 35 câmeras e um pós jogo de uma hora, com intermináveis entrevistas nos vestiários, não tenhamos mais a necessidade de comprar o jornal no dia seguinte.
O raciocínio ainda é superficial, mas pode merecer uma observação mais atenta e uma comparação quantitativa com outros períodos históricos. Além disso, talvez a mídia esportiva esteja diante de uma oportunidade fascinante. Ao invés de apenas estimular as rivalidades, como fazia até outra hora, ela possa se tornar um ator importante num momento em que o esporte brasileiro começa a reconhecer sua grandeza e importância. Quem sabe, se nos próximos meses, quando a bola parar de rolar, ao invés da cobertura da vida pessoal dos jogadores e a criação de factoides, a imprensa não se dedique a discutir temas relevantes. Os jornalistas e as empresas de comunicação poderiam chamar para si a responsabilidade de mediar os debates entre jogadores profissionais e as entidades que regulam o futebol. Mais que isso, é possível fomentar na sociedade uma discussão profunda sobre os rumos que o esporte deve tomar no Brasil a partir deste cenário propício a mudanças. O otimismo só esbarra no fato de que é impossível perder de vista que as empresas de comunicação já estão inseridas em todo este contexto e também têm interesses políticos e financeiros e que, nem sempre, são os mais transparentes.
Geralmente, com farto material eles só escrevem lixo e besteiras, imagina sem competições… vêm fofocas, mundial de clubes e o inevitável “movimento do mercado” (“uma fonte ligada ao clube X assegura o interesse no jogador Y)