Escrevo essa postagem pasmo pela passagem dos 126 anos da República Federativa do Brasil, que deveria ter sido comemorada no dia 15 de novembro. Eis que o “feriado”, coincidiu com o domingo, então passou despercebido, como ocorre com outras datas importantes para a História deste país (Descobrimento do Brasil, Tiradentes, Libertação dos escravos, etc). Digo “deveria, pois verifiquei em vários veículos midiáticos e nas ruas, e não vi nenhum tipo de celebração ou sequer menção à passagem natalícia do país.
Não sou republicano. Acredito que os marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto e seus amigos maçons cometeram um ato de covardia contra o governo legítimo de Dom Pedro II, um brasileiro, muito inteligente, um homem que amou o Brasil e fora sumariamente expulso de sua terra natal por aqueles mesmos “companheiros” aos quais ele, Dom Pedro, tanto fortalecera. Dom Pedro não era nenhum santo, Não estou dizendo isso. Porém o carniceiro Floriano Peixoto (responsável direto por inúmeras mortes de brasileiros) também não o foi. Em Santa Catarina, na região Sul do país existe mesmo um movimento pela mudança do nome da capital, que, de Florianópolis, deveria voltar a se chamar “Vila de Nossa Senhora do Desterro”, ou apenas “Nossa Senhora do Desterro”, nome que os pioneiros açorianos que colonizaram a região puseram naquela localidade. Entendem os “pró-Desterro” que não seria justa essa homenagem ao caudilho Floriano, uma vez que muitos cidadãos de Santa Catarina foram chacinados por ele.
Dada essa breve lição de História, penso que, ainda que a República não me atraia, é o nosso sistema atual, e que deveria ter sido lembrada, como as outras datas importantes para a formação dessa quimera chamada Brasil.
Não vi uma linha sobre a passagem natalícia de nossa República, mas vi algumas citações sobre o aniversário do Clube de Regatas do Flamengo, do qual sou cidadão. O Clube de Regatas do Flamengo foi fundado em 17 de novembro de 1895. Sendo a instituição Flamengo, portanto, mais antiga que a República chamada Brasil. No país existem poucas instituições com mais de cem anos de idade (Uma das companhias mais antigas, a companhia elétrica Light, foi fundada em 1899, para se ter uma idéia). Os 126 anos de fundação do Flamengo são um marco histórico a ser destacado. O que me espanta é que a proclamação da república tenha passado despercebida.
A diminuição dos brios nacionalistas e patrióticos é um fato claramente visível. Em um artigo de 2008 (Pra frente, Brasil! Comunicação e identidade brasileira em Copas do Mundo), indicávamos o que já havia sido delineado por vários autores: O nacionalismo e o patriotismo no Brasil está em declínio desde a década de 1990, acentuando-se a cada ano. A globalização, acesso instantâneo a outras culturas e serviços em escala mundial, entre outros fatores colaboraram para acelerar este processo. É apenas uma hipótese, mas penso que a chegada ao poder dos chamados “políticos de esquerda”, levou a uma tentativa de se distanciar da imagem e dos símbolos patrióticos venerados pelos patriotas militares nos anos 1960-1990. Em minha época de escola, cantávamos o hino nacional antes de entrar na sala, sabíamos outros hinos como o da Bandeira (“Salve, lindo, pendão da esperança…Salve, símbolo augusto da paz”), etc.
O hino da Proclamação da República, ou apenas “Hino da república” era um dos que entoávamos e ficara registrado em nossas memórias. É um belo hino, sem dúvida (Liberdade! Liberdade! Abre as assas sobre nós!”).
Enfim, estão apagando nossa memória cívica e patriótica, o que eu lamento com pesar.
Noutro dia fiz um exercício: perguntei a algumas pessoas ao meu redor quantos anos elas acham que a instituição chamada Brasil ainda perdurará. A princípio estranharam a pergunta. Eu refiz: Por quanto tempo achas que ainda existirá o país Brasil, nos moldes atuais?
A maioria disse “pra sempre”. Que é uma resposta simplista e que não resiste a argumentação alguma. O império Romano não durou “pra sempre”, nem os Maias, nem os egípcios, nem a União Soviética, nem nem nem…
Eu diria que, se nada for feito, uma estimativa de 100 anos para a continuidade desta República Federativa, é algo bastante otimista. Nada, além do idioma, do Futebol e da Rede Globo, é comum a todos os rincões do país. Na verdade, certas partes guardam mais semelhanças com seus vizinhos além fronteiras do que com a capital federal ou com o eixo capitalista – midiático sudeste.
O Brasil é uma falácia. Brasil é apenas o nome de um tipo de madeira que era abundante aqui há centenas de anos. Como os índios, que também eram abundantes e foram dizimados.
Se um fator de coesão social não for identificado e trabalhado com urgência, as diferenças regionais falarão mais alto e começará a acontecer o que ocorreu com a Iugoslávia, com as ex-repúblicas soviéticas. A dissolução, frente a fatores locais mais importantes para essas populações.
Feliz aniversário, Brasil!
Feliz aniversário, Flamengo!