Ascensão de times nordestinos redesenha o mapa de forças do futebol brasileiro para 2025

Precisamos falar do crescimento dos times nordestinos. Até porque o cenário que se desenha para 2025 deixa claro o quanto os principais clubes desta região ascenderam, redesenhando o mapa de forças do futebol nacional. Pela primeira vez na era dos pontos corridos da Série A, o Nordeste terá cinco representantes na próxima edição da elite do Campeonato Brasileiro: Fortaleza, Bahia, Vitória, Sport e Ceará. Ou seja, 25% do total de times na disputa. Em termos regionais, é o segundo maior quantitativo do País, atrás apenas da (ainda) hegemônica Região Sudeste (com 12 times) e à frente da região do Sul (com 3 times).  

Na queda de braço de representatividade por regiões na Série A, o Nordeste saltou de três para cinco representantes, graças aos acessos de Ceará e Sport (dois times já acostumados a figurar na elite, mas que estavam ausentes nas últimas edições). Na contramão desse cenário, as equipes das regiões Sul (que perdeu dois representantes, com as quedas de Athletico-PR e Criciúma-SC, deixando Paraná e Santa Catarina sem representatividade no Brasileirão) e Centro-Oeste (que perdeu o Atlético-GO da Série A e não viu nenhum time subir de divisão da Segundona) perderam fôlego e espaço na divisão principal do campeonato brasileiro. Já o Norte segue sem representante na elite pelo 20º ano seguido. Em compensação, ganhou mais uma representante na Série B, com o acesso Remo, que se juntou ao rival Paysandu e ao Amazonas. 

Interessante destacar que a ascensão dos clubes nordestinos não se restringe ao cenário nacional. Também de forma inédita, a temporada 2025 contará com dois times do Nordeste na Taça Libertadores da América. O que também representa 25% do total de equipes brasileiras na disputa. O Fortaleza, 4º colocado no Brasileirão 2024, garantiu vaga direta na fase de grupos do principal torneio continental (que frequenta pela 3ª vez nos últimos quatro anos). Já o Bahia conquistou uma vaga na fase pré-Libertadores e será um dos dois representantes do País na 2ª fase prévia, ao lado do Corinthians. Para completar, o Nordeste também contará com um representante na Copa Sul-Americana de 2025: o Vitória-BA, que terminou o Brasileirão em 11º lugar. 

Importante lembrar que, até pouco tempo, os times nordestinos eram vistos como “figurantes” na Série A e equipes que já iniciavam a Série A como naturais candidatos ao rebaixamento, vide o efeito ioiô de clubes que subiam num ano e caiam no seguinte. Hoje, a realidade, para os cinco gigantes do futebol nordestino, é completamente diferente. Fortaleza e Bahia vivem atualmente um momento de afirmação e batem de frente contra os gigantes do Eixo, não só em termos administrativos (ambos, se tornaram SAF, aderindo ao formato clube-empresa), mas também em termos de campanhas e presença regular na elite do Brasileirão. Enquanto o Leão do Pici está indo para sua sétima participação seguida na Série A (com direito a figurar duas vezes no G-4 e ser finalista da Copa Sul-Americana), o Esquadrão está indo para sua 8ª participação na elite nas últimas nove disputas. 

Em 2025, não há dúvidas de que Fortaleza e Bahia devem fazer bonito mais uma vez no cenário nacional, lutando por uma lugar no pelotão de cima da tabela, a exemplo do que fez o Fortaleza este ano. O Leão chegou a ser líder durante o 2º turno e ficou na briga pelo título até poucas rodadas do término do Brasileirão. Há também boas expectativas quanto a mais uma boa campanha do Vitória na Série A e um retorno competitivo de Ceará e Sport, dois times nordestinos de massa, que contam com torcidas apaixonadas, que lotam estádios. 

A presença de cinco nordestinos no Brasileirão agrega ao torneio também em relação ao cardápio de jogos convidativos aos torcedores, uma vez que essas equipes protagonizaram duelos marcados por uma intensa rivalidade estadual (Ba-Vi e Clássico-Rei chamam hoje a atenção do País inteiro) e regional dos times desta região, que já iniciam o ano em embates acirrados na Copa do Nordeste, a Lampions League, considerada por muitos a competição animada do primeiro semestre do futebol brasileiro. 

Por fim, é preciso ponderar que a realidade dos cinco nordestinos que hoje ocupam o status de Série A destoa em relação a outras equipes tradicionais da região, que sofrem com anos seguidos de má fase (financeira e futebolística), longe dos holofotes da Série A: caso, especialmente, de Santa Cruz, CSA e Sampaio Corrêa. Se na Série A a representatividade nordestina é farta, na Série B o CRB estará sozinho em 2025 como o único representante da região. E na Série C, equipes como Botafogo-PB e Náutico também estão distantes do oásis vivido pelas atuais cinco potências nordestinas. Parafraseando o saudoso slogan da TV Esporte Interativo para valorizar os times da região: o Nordeste merece… muito mais! 

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