Na Copa de Rugby, eu sou é Argentina

Como desafio pouco é besteira, em um mesmo texto eu vou me propor a dois desafios ao amigo leitor, que como bom brasileiro é apaixonado por futebol e nutre uma eterna rivalidade contra a Argentina. Pois eu quero me propor a convencê-los a acompanhar a Copa do Mundo de Rugby, que começou a ser disputada nesta sexta-feira na Inglaterra; e a torcer pelos Pumas, como o time dos hermanos é conhecido.

O primeiro desafio é mais fácil. Primeiro porque o rugby é um esporte apaixonante. E para lá de emocionante. Vibrante, brigado e repleto de variações. Passado o primeiro desafio, que é o de entender um pouco mais das regras do esporte, a emoção é quase automática. E afinal, a Copa do Mundo de Rugby é o terceiro maior evento esportivo do planeta.

Copa do Mundo de Rugby 2015

Depois, o esporte é mais antigo do que se imagina. O brasileiro que não conhece tanto o esporte, levado pela influência americana em nossa sociedade, costuma ver o rugby como uma espécie de imitação do futebol americano. Quando a verdade é justamente o contrário. O rugby é tão antigo quanto o futebol e um é dissidência do outro. O futebol americano, portanto, é uma invenção dos Estados Unidos construída a partir do rugby, este muito mais universal. Algo que não desabona o futebol americano, claro, mas que dá ao rugby seu devido papel na história. E que se transforma em atrativo a mais a quem quiser entendê-lo melhor.

Vamos, agora, para a parte mais difícil da coisa. Convencê-los a, como eu, torcer pela Argentina. Abrir uma exceção e vestir a camisa alviceleste na Copa do Mundo de Rugby. Para começo de conversa, o Brasil nunca foi para uma edição de Copa. Não vai para esta. E logo de cara teremos que escolher outro para torcer. Mas tem outros aspectos. Por exemplo, existe na modalidade uma curiosa rivalidade entre os hemisférios Norte e Sul. Eles têm competições específicas entre si e estão sempre brigando um contra o outro pela hegemonia do esporte.

O Norte tem como principais forças a França, a Irlanda e a Inglaterra, mas apenas esta última já conquistou o título. O Sul tem como expoentes a África do Sul, a Nova Zelândia e a Austrália, todos com dois títulos cada. O Sul, portanto, vence o Norte por 6 a 1 em copas do mundo. Mas esta é outra história.

O fato importante aqui é que estes seis países são os principais favoritos ao título de 2015. E nós, que somos do Sul, se quisermos entrar na brincadeira de viver o rugby plenamente, temos como bons sulistas que torcer por um dos representantes do hemisfério.

E é aí que surge a “nossa” Argentina. Porque brasileiro que é brasileiro também adora torcer por uma zebra. Principalmente quando o time escolhido é zebra, mas tem chances reais de surpreender. E nenhum time representa melhor este perfil do que os Pumas. A Argentina é disparadamente o melhor time de rugby das Américas e pouco a pouco vem despontando como uma grande força internacional. Na Copa do Mundo de 2007, conquistou um honroso terceiro lugar. E no último mundial, foi eliminado nas quartas de final pela Nova Zelândia, que viria a ser a campeã.

Argentina vs Nova Zelândia

A Argentina, portanto, seria hoje uma sétima força, com poucas chances de ser campeã do mundo, mas talvez a única equipe hoje que é de fora do “núcleo duro” do esporte e que tem alguma chance, ainda que mínima, de conquistar o troféu. É nossa melhor chance, portanto, de colocar o rugby de cabeça para baixo e assombrar o mundo.

Mas é difícil, todos sabemos. A Argentina ser campeã do mundo de rugby é algo tão improvável, que seria quase como um argentino assombrar o planeta e ser escolhido papa, indo de encontro a toda tradição europeia que historicamente existe sobre o Vaticano. Impossível, né? Pois é. Mas, o que custa torcer?

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