Neymar Da Silva Santos Júnior: o impacto do retorno do “Menino da Vila”

Já faz mais de 15 anos que Neymar da Silva Santos Júnior fez sua estreia no futebol profissional pelo Santos. Aquele jogo em ocasião, contra o Oeste, no Campeonato Paulista, marcou o início da carreira do menino franzino de 17 anos nascido em Mogi das Cruzes que encantou milhares de brasileiros com seu talento. Este artigo tem como objetivo colocar o telespectador como o elemento que guia a narrativa esportiva que será contada, e não o próprio Neymar ou sequer sua personalidade. Vamos dividi-lo em três partes: o impacto geracional, o impacto esportivo e o impacto social.

Mais de 400 gols somando Santos, Barcelona, Paris-Saint-Germain, Al-Hilal e Seleção Brasileira. Contudo, existe algo que os números não conseguem explicar: a mágica de assistir ao Neymar jogar futebol ao longo dessas quase duas décadas. Eu, assim como muitos outros, vi nosso país com reais possibilidades de vitória em três Copas do Mundo. As decepções de 2022, 2018 e principalmente, 2014, frustraram uma geração inteira de brasileiros apaixonados pelo esporte, mas também deram a esses o “sabor especial” que antecedia a competição. Não podemos ser mais uma vítima do tempo ao afirmarmos que não havia esperança de conquista com um dos três melhores jogadores do mundo sendo brasileiro. A influência do Menino da Vila pode ser facilmente percebida no que chamaremos aqui, então, de “marcos atemporais na vivência”. 

Crianças cresceram e ligaram a televisão no dia 05/02/2025, às 21:30, para assistir àquele garoto que já não é mais franzino, agora com 33 anos, “desfilar” contra o Botafogo-SP. Essas mesmas pessoas, que um dia já foram crianças, se fossem questionadas, dificilmente não se lembrariam do gol de Neymar contra o Flamengo, com o drible em cima de Ronaldo Angelim. No que remete à adolescência, muito provavelmente se recordariam do gol dele contra o Villarreal, após um “lençol” de costas no defensor, ou mesmo o gol de 2015 que sacramentou a sua primeira Liga dos Campeões da Europa em cima da Juventus. Essas crianças, que assim como eu, se tornaram adultas, tem nessa figura representativa um marco nas suas vivências, mas que ao mesmo tempo representa um paradoxo, já que ressalta a própria atemporalidade com a repetição da influência anos depois.

Reprodução/X

As consequências esportivas, que já foram mencionadas de alguma maneira nos parágrafos acima, são as mais difíceis de serem explicadas. Muitas vezes, explicar com palavras o que os olhos veem é o dilema mais complicado de um jornalista. E nesse caso, explicar o futebol de Neymar seria praticamente impossível. Nós realizaremos, aqui, uma conexão entre o lado social e o lado esportivo. 

Neymar, por muitos anos, foi referência de idolatria para muitas pessoas. Não entraremos nesse mérito, visto que o conceito de ídolo é complexo e pode envolver muitas dinâmicas que não englobam somente o aspecto esportivo. Contudo, é inegável que, desde a época no Santos, Neymar representava um estilo de vida e influenciava diretamente pessoas no Brasil. De conceitos mais concretos como “moicanos” e “dancinhas” em 2010, até sentimentos mais abstratos como o pertencimento do povo brasileiro. O jogador se tornou uma das figuras públicas mais influentes do país.

Em um Brasil no qual o futebol e o “jogar bonito” são extremamente valorizados, Neymar encantava com o seu jogo e, por consequência, marcava a vida das pessoas. A formação do trio com Suárez e Messi e os 105 gols marcados pelo Barcelona foram o mais perto que eu e muitas pessoas chegamos do significado da palavra “futebol”. Na seleção, sempre foi unanimidade. No meio de críticas e elogios, dificilmente alguém deixaria Neymar fora de uma Copa do Mundo.

O jogador, que viveu altos e baixos no PSG e no Al-Hilal, retorna agora ao Santos com um objetivo bem claro: se reconectar com o povo brasileiro e, a depender de condições físicas, realizar sua maior meta: trazer a sexta estrela para o peito da seleção brasileira e soltar o “orgulho preso” que ecoa no imaginário dessas crianças que viraram adultas há muito tempo. Agora, no clube paulista, com a camisa 10 que foi de Pelé, carrega todas as simbologias daqueles marcos atemporais na vivência. O passado e o presente se juntam, dessa forma, em apenas um número, mas um número responsável por construir o antes glorioso e o agora esperançoso no futebol. 

Este texto teve um propósito bem claro: revelar as condições da vinda de Neymar para o Brasil. Fato é que Neymar já não é mais aquele menino, e aqueles sonhos das crianças que se tornaram adultas estão cada vez mais próximos do fim. Isso vale como uma autocrítica: aceitar que o “Ciclo Neymar” está terminando é aceitar que, se até num esporte mágico como o futebol o tempo passa, nas vidas dessas crianças não seria diferente.

   Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Referências

Neymar: histórico completo e todas as estatísticas do jogador em clubes e na seleção | Olympics

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