Os oito lados do futebol

O futebol protagoniza grandes surpresas no cenário mundial e tal fato não se restringe somente ao espaço dedicado a esse esporte. Ele se torna um “personagem” a atuar com as mais diversas facetas e nos mais diferentes cenários. O futebol é muito mais que o próprio futebol.

Para todos os “dependentes” do futebol (principalmente a nível nacional), os primeiros meses do ano soam como um vácuo na linha contínua do espaço da “boleirada”. Algumas “peladas” beneficentes, muitas especulações (a maior parte delas buscando audiência e vendas a partir de uma roupagem sensacionalista), movimentações no “mercado da bola” e muita ansiedade para o começo dos estaduais, atuando como uma espécie de aquecimento, uma entrada para o prato principal chamado popularmente de Brasileirão.

Sem muitas opções, o foco muda e, quando menos esperamos, lá está ele, o futebol. Não no lugar onde estamos acostumados a vê-lo: nem no campo, nem em seu entorno. Ele aparece com muita força, atualmente, nos octógonos (ringues específicos do MMA – Mixed Martial Arts). É claro que ele possui uma extensão muito maior que essa, não se restringindo somente a mais esse espaço incomum, mas, nesse estado, ele chama muita atenção pela rivalidade transferida das “quatro linhas” para os “oito lados”.

Já nos acostumamos a ver Cesar Cielo com a blusa do Flamengo, a Maureen Maggi vestindo o uniforme do tricolor paulista, dentre outros casos. Porém, ganha destaque no momento os figurões do UFC (Ultimate Fighting Championship) com a camisa de times durante as exibições de suas lutas e até na cobertura de seus treinos, como no caso do “pioneiro” desta prática, Anderson Silva – considerado um dos melhores lutadores de todos os tempos, e corintiano fanático.

Vale à pena ressaltar que nos casos de Cielo e de Maggi há um patrocínio dos respectivos “times” defendidos por eles, com direito, inclusive, a centros de treinamentos específicos para a modalidade de cada um, dentro das próprias sedes dos clubes; o que não aconteceu durante muito tempo com  Anderson Silva, que só há pouco tempo ganhou uma academia voltada para a prática de seu esporte dentro do Parque São Jorge. [veja aqui]

O patrocínio dos lutadores do UFC é algo novo – surgindo juntamente com a ascensão e o grande sucesso do esporte aqui no Brasil. Assim como Anderson Silva, o lutador José Aldo acaba de fechar contrato com o Flamengo e já exibirá o “manto” rubro-negro no próximo evento do UFC (142) que ocorrerá no Rio, dia 14 de Janeiro.

Esse novo panorama envolve diretamente os times de futebol. É óbvio que o Sport Club Corinthians Paulista possui várias outras modalidades esportivas, mas alcançou o seu reconhecimento no cenário mundial através do futebol e faz uso dessa fama para “alastrar-se” para outros esportes.

Em outros casos, times famosos alcançaram a sua importância nos gramados, porém, nasceram como clubes de regatas ou de remo e carregam esse título em seus escudos, como é o caso dos dois grandes cariocas, Flamengo e Vasco.

Porém, em todos esses casos, ainda sim, o futebol é o pilar de maior estima dentro do clube. O MMA seria mais um dos muitos “canais” que, querendo ou não, aqui no Brasil, são associados e “deságuam” no grande mar do futebol.

Um caso muito curioso e alvo de análise é o de uma das lutas do card aqui no Rio, no UFC 142, onde o brasileiro e atleta do Flamengo, José Aldo, enfrentará o estadunidense Chad Mendes, que fez questão de divulgar uma foto onde ele veste a camisa do Vasco da Gama em uma alusão direta à rivalidade dos gramados que passará para os ringues (influenciado pelo seu treinador, o brasileiro Fábio Prado, que é torcedor cruzmaltino).

Chad não possui nenhuma ligação com o Clube de Regatas Vasco da Gama, mas utilizou-se da imagem do clube sabendo dos embates famosos nos campos de futebol entre os dois times que, de certa forma, também “subirão” no octógono.


Assim como nesse caso, outro que fará as bases do UFC serem alvo da rivalidade futebolística do Brasil é o da luta que marca a revanche entre Anderson Silva e, do também norte-americano, Chael Sonnen, ainda sem data, mas programada para acontecer no Brasil. Embora Sonnen seja famoso por suas ofensas públicas ao país e ao povo brasileiro, ele ganha uma torcida organizada que irá torcer por ele no evento, marcando a rivalidade Corinthians x Palmeiras.

Pode ser que tal aproximação se dê por meios sensacionalistas ou, de certa forma, “forçados”, para buscar uma maior atenção para o evento e para as lutas. Muitos até pensam que “misturar” duas coisas tão diferentes é um erro grave que mais prejudica do que ajuda a carreira do lutador [veja aqui].

Uma coisa é certa:muitos irão ver estes combates como um duelo particular entre Flamengo x Vasco e Corinthians x Palmeiras. E, com certeza, muitos torcerão contra os brasileiros apenas por representarem um time de futebol rival. Ou alguém duvida? 

4 thoughts on “Os oito lados do futebol

  1. E se os clubes não patrocinassem, será que os torcedores deixariam de ser violentos? Será que os casos de violência diminuiriam? Acho que esse é um outro problema.

  2. Se iam deixar de ser eu não sei, Só sei que esse tipo de ação só incentiva mais a violência.
    Uma ação interessante seria a dos presidentes dos clubes passarem a se tratar mais amigavelmente, pelo menos. O Márcio Braga tentou fazer isso diversas vezes. Eles têm que entender que os clubes são co-irmãos, não inimigos! têm que se ajudar. Se há um ‘inimigo’ neste caso local, são os clubes de SP…
    Que houve com o torneio Rio-SP? aquilo era legal!

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