Renovação ou aposentadoria? O que significa o retorno de Neymar ao Brasil?

Será que o atacante seguirá o exemplo de craques como Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, Filipe Luís e Marcelo que se aposentaram quando retornaram ao país?

Após quase 12 anos longe dos gramados brasileiros, Neymar Jr retornou ao esporte nacional, mais precisamente, ao mesmo clube que o lançou para o mundo do futebol, o Santos Futebol Clube. Com passagens pela Europa, nas equipes do Barcelona e do Paris Saint-Germain (PSG) e pelos Emirados Árabes, no poderoso Al-Hilal, o atleta fez sua carreira internacional, conquistou títulos expressivos e muitos fãs por todo o planeta. Também passou por muitos momentos de contusões e também por conquistas com a Seleção Brasileira, como uma medalha de ouro nas Olimpíadas Rio 2016.

Fonte: Instagram do Neymar Jr.

Contudo, no retorno ao Brasil, depois de um grande período contundido, o atacante quer voltar a boa forma como jogador, como disse em sua primeira entrevista coletiva, logo após a apresentação na Vila Belmiro, estádio do Santos, no dia 31 de janeiro de 2025, em que herdou a camisa 10 de Pelé. Porém, será essa a oportunidade que o atleta estava esperando para voltar a brilhar como jogador de futebol, ou seu retorno ao país significa aposentadoria?

Em um passado não muito distante, o retorno a jogar em times brasileiros de jogadores renomados, tanto no país quanto internacionalmente, com carreiras consolidadas e com os títulos mais expressivos em suas trajetórias já conquistados, significaria apenas uma coisa: aposentadoria. Esse foi o caso de nomes como Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, e mais recente, Filipe Luís, que inclusive é atualmente técnico do clube em que se aposentou, o Flamengo, e Marcelo que anunciou que deixou os gramados agora em fevereiro de 2025.

Ronaldo Fenômeno é um exemplo claro de que Neymar pode sim estar pensando nos momentos finais da carreira. R9, como era conhecido Ronaldo Fenômeno, acertou a sua volta ao Brasil depois de 14 anos pelo Corinthians (apenas dois anos a mais que o atual camisa 10 do Santos). A trajetória do atleta no clube foi marcada por altos e baixos. Logo que chegou ao time, foi campeão nos dois primeiros torneios que disputou: o Campeonato Paulista 2009 e a Copa do Brasil 2009. Contudo, a partir daí, as coisas começaram a não funcionar muito bem. Em 2010, diante da má forma e sofrendo com seguidas lesões, o Fenômeno somente entrou em campo poucas vezes e viu o time em que defendia ser eliminado pelo Flamengo na Libertadores. Neste ano, foram apenas 27 partidas realizadas pelo jogador, sendo onze pelo Campeonato Brasileiro, onde marcou seis gols. No ano seguinte, após uma nova desclassificação precoce na Libertadores, Ronaldo não conseguiu mais suportar suas dores físicas, e decidiu anunciar oficialmente a sua aposentadoria, em 14 de fevereiro de 2011, em uma coletiva de imprensa. Segundo ele, a essa decisão se deu pelo fato de estar enfrentando seguidas lesões, inclusive revelou que sofria hipotireoidismo, um distúrbio metabólico que desacelera o metabolismo e dificulta a perda de peso.

Já Ronaldinho Gaúcho demorou um pouco mais para se aposentar e ao contrário do Fenômeno conquistou títulos importantes por aqui. Ele foi recebido assim, como Neymar, com festa pelo Flamengo em 2011, após passagem pelos clubes europeus PSG, Barcelona e Milan. No clube do Rio, conquistou um Campeonato Carioca. Em 2012, se transferiu para o Atlético Mineiro e, ao fazer uma ótima temporada, foi vice-campeão do Campeonato Brasileiro. No ano seguinte, com o clube mineiro, ganhou nada menos que a Libertadores da América. Após essa passagem vitoriosa pelo Atlético, o meia-atacante achou que poderia se lançar novamente no futebol internacional, dessa vez aqui pela América Latina, indo defender o time do Querétaro, do México. O jogador ficou no clube entre 2014 e 2015, marcando apenas oito gols em 29 jogos. Logo depois disso, transferiu-se para o carioca Fluminense, onde atuou ainda, em 2015, por nove partidas e, aos 37 anos, anunciou pelas redes sociais sua aposentadoria dos gramados, que o tornou o melhor do mundo pela Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA) duas vezes, nos anos 2004 e 2005 .

Revelado no Figueirense, de Santa Catarina, Filipe Luís foi contratado com apenas 19 anos pelo Ajax, dos Países Baixos. Depois disso, fez carreira internacional pelo Real Madrid Castilla, time B do Real Madrid, Deportivo La Coruña e Atlético de Madrid, os três da Espanha. Este último foi o clube em que mais teve sucesso na Europa, onde esteve entre 2010 e 2019, realizou 333 partidas e conquistou seis títulos, sendo o principal o Campeonato Espanhol de 2013/2014. O atleta ainda atuou no velho continente pelo Chelsea, da Inglaterra, na temporada 2014/2015. Pela Seleção Brasileira, atuou na Copa do Mundo de 2018 e também ganhou os títulos da Copa das Confederações de 2013 e da Copa América de 2019, mesmo ano em que retornou ao futebol brasileiro, após 14 anos. Filipe agora iria defender a camisa do Flamengo. No clube carioca foram 10 títulos, em cinco temporadas: duas Copas Libertadores da América, uma Recopa Sul-Americana, dois Campeonatos Brasileiros, uma Copa do Brasil, duas Supercopas do Brasil e dois Campeonatos Carioca. No fim de 2023 o, então, lateral-esquerdo resolveu se aposentar como jogador. Porém, a carreira no futebol não acabou. Filipe Luís é atual técnico do Flamengo e já carrega dois títulos na bagagem como treinador do clube: a Copa do Brasil de 2024 e a Supercopa do Brasil de 2025.

O mais recém aposentado é Marcelo, ex-lateral-esquerdo, assim como Filipe Luís. O jogador é um dos famosos Moleques de Xerém, como são chamados os jovens atletas revelados pela base do Fluminense. Logo que foi revelado pelo clube do Rio, conquistou um Campeonato Carioca, em 2005. O bom desempenho do, então, lateral chamou a atenção do Real Madrid e foi vendido para o time da Espanha, em 2006. No clube atuou por 16 temporadas e ganhou 25 títulos pela equipe, sendo um dos atletas com mais conquistas pelo Real. São cinco Liga dos Campeões, quatro Mundiais de Clubes, seis Campeonatos Espanhois, duas Copas do Rei, cinco Supercopas da Espanha e três Supercopas da Uefa. Após deixar a Espanha o brasileiro foi defender o Olympiakos, da Grécia, onde disputou apenas 10 jogos e fez três gols. Isso porque o período do atleta no time foi marcado por lesões. Em março de 2023, Marcelo retornou ao Brasil para jogar novamente pelo Fluminense. E foi um ano muito especial para o atleta. Mais dois títulos para sua coleção: um Campeonato Carioca e uma Libertadores da América, título inédito para o clube do Rio. Em 2024, também ganhou a Recopa Sul-Americana. Contudo, a temporada não terminou feliz para ele, que por divergências com o técnico Mano Menezes, então, treinador do time carioca, acabou rescindindo o contrato com o Fluminense no fim do ano. Agora, em fevereiro de 2025, Marcelo decidiu, aos 37 anos, dar adeus aos gramados. Não podemos esquecer da trajetória pela Seleção Brasileira. Ganhou a Copa das Confederações de 2013. Foi medalha de prata nas Olimpíadas de Londres, e bronze em Pequim. Disputou os mundiais de 2014 e 2018. 

Agora retornamos a Neymar. Assim como realizei com os outros atletas, também farei um giro pela carreira internacional do atacante brasileiro nesses 12 anos fora do Brasil. O Barcelona, da Espanha, foi o primeiro clube que o atleta jogou após deixar o Santos, em maio de 2013. Lá ficou de 2013 a 2017, realizou 186 partidas e 105 gols. Os títulos foram os Campeonatos Espanhois de 2014/2015 e 2015/2016, as Copas do Rei de 2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017, a Supercopa da Espanha de 2013, a Liga dos Campeões da Uefa de 2014/2015 e o Mundial de Clubes de 2015.

Em agosto de 2017, o jogador decidiu ir para a França iniciar uma nova fase e talvez ser o protagonista, já que não conseguia esse papel ao lado de Messi no Barcelona, no Paris Saint-Germain (PSG). Um detalhe dessa transação deve ser observado: a transferência, de acordo com o site GE, foi realizada pelo valor de 222 milhões de euros, (cerca de R$813,6 milhões, em 2018), valor pago pelo clube francês pela cláusula de rescisão de contrato com o Barcelona. Naquele momento, a venda do atleta brasileiro para o PSG marcou a história do futebol mundial por ser a transação financeira entre clubes mais cara até aquela data, ou seja, o atacante se tornou o jogador mais valioso do mundo naquele dia. No clube francês, Neymar ganhou cinco Campeonatos Franceses, três Copas da França, duas Copas da Liga e três Supercopas da França. Contudo, não conseguiu o protagonismo que queria, sempre dividindo os holofotes com o também atacante francês Mbappé e também por viver vários momentos lesionado. 

Na metade de 2023, o Al-Hilal, um dos mais poderosos times de futebol da Arábia Saudita, nos Emirados Árabes, pagou 90 milhões de euros para tirar Neymar do PSG. E os números só assustando ainda mais. No período, também segundo o GE, o atleta receberia nada menos que 320 milhões de euros (R$1,7 bilhão na época do acordo). E a rescisão teria custado cerca de 62 milhões de euros (R$382 milhões), mais que a metade do valor pago pelo Al-Hilal ao clube da França. E essa seria, praticamente, a mesma quantia que jogador receberia de salários no restante do contrato. Porém, o tempo de Neymar pelo Oriente Médio não seria dos melhores. Foram só sete partidas, um gol, duas assistências em 17 meses defendendo a camisa do time do Al-Hilal. O atacante viveu praticamente todo o contrato no departamento médico, em recuperação, diante de uma lesão que sofreu ao jogar pela Seleção Brasileira, em outubro de 2023, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Pouco mais de um ano depois, no dia 4 de novembro de 2024, foi a última vez que Neymar atuou em campo pelo Al-Hilal. Ao entrar aos 32 minutos da etapa final contra o Esteghlal da Liga dos Campeões da Ásia, Neymar buscava ganhar tempo gradativamente. Contudo, a três minutos do fim da disputa com o Esteghlal, o brasileiro sofreu uma lesão novamente, o que ainda seria um reflexo anterior. O atleta não foi inscrito na segunda parte do campeonato nacional e a rescisão de contrato foi assinada já em 2025, no dia 27 de janeiro, assim como informado pelo GE.

O site, ao seguir os passos do jogador, relatou que no dia 29 de janeiro, Neymar anunciou em suas redes sociais que estava voltando para o Brasil e que iria assinar um contrato com o Santos, o time que o revelou para o futebol. No dia 31 de janeiro, ele assinou com o clube por seis meses, foi apresentado e deu uma entrevista coletiva dizendo que estava pronto para jogar até no outro dia, só que não podia, pois não estava escrito no Campeonato Paulista. Na semana seguinte, na quarta-feira, dia 05 de fevereiro, reestreou pelo Santos e ainda foi eleito o melhor jogador da partida, apesar de atuar apenas na segunda etapa da partida contra o Botafogo-SP, e o time santista ter sofrido o empate.

Neymar acaba de completar 33 anos e se compararmos aos exemplos deste texto temos as situações mais adversas. O R9, por exemplo, já havia ganhado tudo o que podia imaginar quando retornou ao Brasil. Copa do Mundo com a Seleção, prêmio como melhor do mundo, Liga dos Campeões com os clubes que jogou na Europa. Ele já estava reconhecido como um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos. Ronaldinho Gaúcho também já tinha conquistado os mesmos títulos quando veio defender o Flamengo e ao chegar ao Atlético Mineiro colecionou outros, para consolidar ainda mais sua carreira de sucesso. 

Filipe Luís e Marcelo são casos um pouco distintos por não terem títulos individuais como melhor jogador do mundo em uma Copa do Mundo com a Seleção Brasileira, mas ambos têm grandes conquistas com os clubes que fizeram carreira internacional e também tiveram uma linda história com a camisa Verde e Amarela. Ao chegarem ao Brasil, nem se fala, construíram um novo legado pelos clubes que passaram. 

E Neymar, o que será que ele vai fazer nesse retorno ao país? Construir uma nova história de sucesso no Santos? Se recuperar de um momento de tantas lesões e voltar a jogar o futebol que tanto se espera dele? Ou será que Neymar veio para se preparar para pendurar as chuteiras, pois acha que já fez muito pelo futebol nacional e internacional? Essas perguntas, é claro, só podem ser respondidas pelo próprio jogador ao longo dos próximos meses. Contudo, creio que devemos ficar atentos a algo. As lesões que fizeram Neymar ficar tanto tempo fora dos gramados, desde o PSG, já não seriam um alerta, de que o tempo dele como jogador já não teria chegado ao fim? Fica a questão!

Referências:

Neymar, Ronaldinho, Romário… qual foi a maior volta ao futebol brasileiro? Veja lista e vote | Globo Esporte

Um bruxo com a bola nos pés | Gazeta Esportiva

Os clubes de Ronaldinho Gaúcho: a trajetória do craque por diversos times | Sporting Bet

Ronaldinho Gaúcho oficializa aposentadoria: ”Sonho realizado” | Globo Esporte

Filipe Luís no Flamengo: relembre o histórico como jogador e treinador | Olympics

Ex-Fluminense e Real Madrid, Marcelo anuncia aposentadoria do futebol | Jornal Extra

Aos 36 anos, Marcelo anuncia aposentadoria do futebol | UOL

Os 12 anos de Neymar fora do Brasil: da Champions em Barcelona à frustração no PSG e Al-Hilal | Globo Esporte

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