Coincidiu de meu post cair justo no dia de Natal e de ser o último deste ano de 2012. Ano passado, algo semelhante ocorreu e eu escrevi o texto “Um grupo, um blog”. Não saberia interpretar se isso é ou não um bom sinal. O fato é que estou muito feliz em ver o grupo crescendo (em número de participantes, principalmente com a vinda novos mestrandos e doutorandos), amadurecendo em suas reflexões acadêmicas, refinando questões a partir de nossas discussões e buscando vislumbrar novos horizontes de questionamentos sobre temas relacionados ao esporte e sua interface com a comunicação.
Em pouco mais de dois anos já contamos com mais de 50 mil acessos. Foram mais de 20 mil acessos somente este ano. Estamos conseguindo manter a rotina de posts semanais todas as terças-feiras bem como a de textos de colaboradores eventuais às sextas-feiras. O blog tem servido também como uma ferramenta a mais para agilizar e estreitar a interação com meus alunos de graduação e de pós. Não poderia mensurar sua importância para fora dos muros da Uerj, mas a sensação, pelo número de acessos e de pessoas que nos procuram, é de que somos bastante lidos e temos sido úteis para muita gente interessada neste universo, inclusive para os profissionais da mídia.
Nossa participação na abertura da Intercom Sudeste em Ouro Preto e nas mesas de abertura da Intercom Nacional em Fortaleza foi motivo de orgulho, honra e satisfação para todos nós. O grupo e o blog se tornaram mais do que uma realidade dentro do campo. Passamos a ser referência para os que se interessam pelo tema. Isto fica cada vez mais evidente sempre que participamos de congressos, seminários e simpósios acadêmicos. Obrigado a todos os membros, professores, alunos e ex-alunos envolvidos.
Teremos muito trabalho pela frente com a organização de megaeventos esportivos no país nos próximos anos. Dentre estes, podemos citar a Copa das Confederações em 2013, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Em todos estes eventos estaremos investigando as relações entre jornalismo esportivo, futebol, esporte, identidade nacional e narrativas de idolatria.
O tema relacionado ao mito do “malandro” também começou a nos chamar a atenção, pela tendência que observamos na imprensa de cultuar heróis futebolísticos com atributos que convencionamos chamar de “malandragem”. Tendência esta que tem sido, faz tempo, uma sensação do autor já demonstrada em alguns artigos como, por exemplo, em “Idolatria e Malandragem: a cultura brasileira na biografia de Romário”. A questão se tornou mais problemática após a elaboração e publicação de outro artigo, este em parceria com Lovisolo, intitulado “Pelé e Maradona: núcleos da retórica jornalística”, ocasião em apostávamos no fato de que o Brasil produziria heróis mais esportivos e apolíneos, como Pelé, e a Argentina, por sua vez, mais heróis, além dos esportivos e com tendências mais dionisíacas, como Evita e Maradona. Ao participar de um evento em outubro deste ano na UFMG intitulado “Natureza e Construção da Celebridade no século XXI”, ocasião em que revi estes artigos mencionados acima, observei que estávamos diante de uma “contradição” ou um “paradoxo”. Afinal, se no Brasil teríamos uma tendência a cultuar heróis “malandros” como suspeitamos no artigo sobre a biografia de Romário, por que Pelé, nosso “Rei”, não se enquadraria neste modelo? E por que a Argentina fazia de Maradona, o “malandro” (?), seu herói?
Neste sentido, iniciamos a pesquisa bibliográfica sobre o tema do “malandro” e descobrimos uma vasta literatura sobre o tema no campo das Letras. Selecionamos e já lemos o clássico Macunaíma: o herói sem nenhum caráter de Mário de Andrade. Sobre o debate em torno do livro, lemos Morfologia do Macunaíma de Haroldo Campos e O Tupi e o Alaúde de Gilda Mello e Souza. Sobre a questão do “malandro” em nossa literatura, lemos “A dialética da malandragem” de Antonio Candido e o debate que se seguiu ao texto como “Pressupostos, salvo engano, de ‘Dialética da Malandragem’” de Roberto Schwarz, e “a dialética e a malandragem” de André Bueno.
Temos ainda muito trabalho pela frente, muita coisa a ser lida e muitas questões para serem refinadas. Pensamos em seguir nossa análise sobre Neymar a partir do artigo que produzimos para a Organicom 2011, mas agora com uma base mais sólida sobre a literatura sobre “malandragem”. O desafio é bom e nos move adiante. Fico por aqui, desejando a todos um excelente e produtivo 2013!